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Cada vez mais crianças ingerem pilhas botão e baterias; entenda os riscos

Apesar de programas de conscientização, nota-se aumento de acidentes envolvendo ingestão de pilhas botão e baterias por crianças, podendo ser grave e até matar

30 ago 2022 - 15h27
(atualizado às 17h18)
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Reportes alertam que o número de crianças ingerindo pilhas botão, também conhecidas como baterias de relógio, vem aumentando nos últimos anos. A ingestão acidental destes componentes pode causar danos graves nos infantes e até mesmo levar à morte. Essas pequenas baterias de lítio estão presentes em uma infinidade de aparelhos domésticos.

Entre 2010 e 2019, cerca de 7.032 crianças tiveram de ser levadas à emergência em hospitais por conta de incidentes relacionados a baterias, mais do que o dobro das ocorrências do mesmo tipo entre 1990 e 2009. Publicado no periódico Pediatrics na última segunda-feira (29), um estudo levantou os dados relacionados.

Os cientistas ainda comentam que não foi por falta de aviso: há muitas campanhas de conscientização alertando os pais. Em média, é um incidente com baterias levando uma pessoa abaixo de 18 anos ao hospital a cada 1,25 hora, com o risco mais alto sendo identificado nas crianças abaixo de 5 anos, especialmente entre as idades de 1 e 2 anos, que costumam colocar todo objeto encontrado na boca.

Foto: formatoriginal/Envato Elements / Canaltech

O perigo das baterias e pilhas botão

As pilhas botão foram as antagonistas em mais de 87% dos casos relacionados a baterias, segundo a pesquisa. Mesmo longe do item que alimentam, essas baterias de lítio ainda têm uma corrente forte, e caso fiquem presas na garganta de um infante, a saliva pode interagir com a corrente e causar reações químicas, queimando o esôfago em até 2 horas, perfurando o órgão e podendo causar paralisia das cordas vocais ou erosão na traqueia e veias ou artérias.

É o caso de Emmett Rauch, um menino que, em 2010, quando tinha 1 ano, ingeriu uma bateria de um controle remoto e teve uma perfuração no esôfago e na traqueia, fazendo com que a bile escapasse do estômago para os pulmões. Ele sobreviveu, mas passou por 6 cirurgias nos 5 anos seguintes, incluindo a substituição do esôfago usando partes do estômago. Seus pais fundaram uma ONG para conscientizar outros tutores, a Emmett's Fight Foundation.

Entre os itens que podem conter baterias botão, há calculadoras, termômetros digitais, joias piscantes, lasers, brinquedos e videogames portáteis, velas eletrônicas, aparelhos auditivos, controles remotos pequenos, contadores de passos, canetas-lanterna, livros e cartões comemorativos que falam ou cantam, smartwatches e chaves e carro eletrônicas. Tudo que for pequeno e brilhe ou seja animado contém, potencialmente, uma pilha botão.

O estudo em questão foi realizado na emergência de 100 hospitais nos Estados Unidos, e notou que a maioria dos incidentes com baterias ocorreram por ingestão — 90% —, enquanto sua inserção no nariz ficou no segundo lugar, com 5,7% dos casos. Em terceiro, inserção nos ouvidos, com 2,5%, e então sua colocação na boca, sem engolir, por último, em 1,8%.

Embora a inserção em outros lugares do corpo não cause danos tão sérios quanto a ingestão, prender acidentalmente baterias de lítio nos ouvidos ou nariz pode ser muito prejudicial, podendo perfurar o tímpano ou septo nasal, causando perdas auditivas ou paralisia de nervos faciais.

Prevenção de acidentes

Aos pais, é importante trabalhar na prevenção: não trocar ou inserir baterias na frente de crianças, se livrando de pilhas vencidas imediatamente e de forma segura, guardando reservas longe do alcance de infantes. Convém buscar aparelhos que só abram com uma chave de fenda ou outras ferramentas, ou que impeçam a abertura por uma criança. Usar fita para selar compartimentos também é uma opção.

As baterias de 20 mm de diâmetro são as mais perigosas. É importante supervisionar crianças que estão brincando com qualquer objeto eletrônico, e alertar crianças mais velhas para ajudarem, se necessário. Os sintomas podem parecer com os da ingestão de uma moeda, e podem ser falta de ar, salivação em excesso, tosse, vômito, desconforto abdominal, recusa para comer ou engasgos na alimentação ou ingestão de líquidos.

É importante saber se um ímã foi engolido junto à bateria, o que pode causar ainda mais danos. Geralmente, raios-X de todo o pescoço, esôfago e abdômen do infante são necessários. Se há suspeita de ingestão, não tente fazer a criança vomitar: leve-a à emergência o mais rápido possível, já que danos graves podem ocorrer em até 2 horas. Em algumas crianças, como Emmett, os sintomas podem aparecer apenas após alguns dias.

Fonte: Pediatrics, CDC via CNN

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