Script = https://s1.trrsf.com/update-1765224309/fe/zaz-ui-t360/_js/transition.min.js
PUBLICIDADE

'Brain rot': veja como usar a inteligência artificial sem atrofiar o cérebro

Pesquisas apontam que o uso excessivo de IA e redes sociais pode reduzir o desempenho cognitivo

13 nov 2025 - 18h11
Compartilhar
Exibir comentários

Pesquisadores alertam para o avanço do chamado "brain rot", termo usado para descrever o declínio cognitivo associado ao uso excessivo de inteligência artificial (IA) e redes sociais. Estudos recentes da Universidade da Pensilvânia e do MIT, EUA, mostram que depender demais dessas tecnologias pode reduzir a atividade cerebral e prejudicar a retenção de informações.

No início do ano, a professora Shiri Melumad da Wharton School, aplicou um teste simples a 250 pessoas: escrever conselhos sobre como levar uma vida mais saudável. Parte dos participantes usou o Google tradicional para pesquisar; outra parte, apenas resumos automáticos gerados por IA. O resultado mostrou uma diferença significativa: os textos feitos com ajuda da IA foram genéricos e superficiais, enquanto os que usaram busca tradicional trouxeram reflexões mais completas.

Pesquisas indicam que o uso excessivo de IA e redes sociais pode causar o “brain rot”, ou declínio cognitivo
Pesquisas indicam que o uso excessivo de IA e redes sociais pode causar o “brain rot”, ou declínio cognitivo
Foto: Alice Labate/Estadão / Estadão

O estudo reforça um alerta crescente entre pesquisadores: o uso constante de chatbots e ferramentas automáticas pode transformar o aprendizado em um processo passivo, em que o cérebro é pouco estimulado.

A preocupação se soma a evidências observadas em outras áreas. Um levantamento da Universidade da Califórnia conduzido pelo pediatra Jason Nagata analisou mais de 6,5 mil crianças e adolescentes e encontrou correlação entre o uso de redes sociais e notas mais baixas em testes de leitura, memória e vocabulário: cada hora gasta em aplicativos como TikTok e Instagram representa tempo perdido em atividades cognitivamente mais ricas, como leitura ou sono.

O Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) também investigou o tema. Em um experimento com 54 estudantes universitários, pesquisadores monitoraram a atividade cerebral durante uma redação. Os que escreveram com auxílio do ChatGPT apresentaram a menor atividade elétrica e 83% deles não conseguiram lembrar uma única frase do que haviam escrito um minuto depois. Já os que escreveram sem ajuda de tecnologia conseguiram recitar grande parte de seus textos.

Esses resultados indicam que, embora a IA possa acelerar tarefas, ela também pode enfraquecer processos mentais fundamentais, como memória e raciocínio crítico.

Como usar a IA de forma saudável

Os especialistas afirmam que o problema não é a IA em si, mas a forma como ela é usada, e o segredo é transformar o contato com a tecnologia em um processo masi ativo.

Para Nataliya Kosmyna, do MIT, o ideal é começar qualquer tarefa sem recorrer à IA, porque isso obriga o cérebro a raciocinar, formular hipóteses e organizar ideias. Só depois é recomendável usar o ChatGPT ou outras ferramentas para revisar ou complementar o conteúdo.

A professora Shiri Melumad, da Universidade da Pensilvânia, por sua vez, reforça o uso consciente e segmentado dos chatbots, ou seja, em vez de pedir que o sistema faça toda uma pesquisa, ela recomenda fazer perguntas pontuais, por exemplo, confirmar datas ou conceitos.

O pediatra Jason Nagata, da Universidade da Califórnia, sugere medidas práticas para famílias: criar zonas livres de telas, especialmente em locais como quartos e mesas de jantar, e estabelecer horários específicos para o uso de redes sociais.

A American Heart Association (AHA), entidade médica dos EUA voltada à saúde do coração e do cérebro, publicou um relatório em maio afirmando que, embora o termo "brain rot" ainda não tenha reconhecimento clínico, há evidências de que o uso excessivo de telas prejudica memória, atenção e funções executivas. A associação recomenda pausas digitais regulares, leitura física e atividades ao ar livre para reduzir a sobrecarga mental causada por estímulos digitais contínuos.

Além disso, segundo a revista TIME, pesquisadores como Ethan Mollick, da Universidade da Pensilvânia, sugerem interagir de forma ativa com os chatbots, tratando-os como "amigos imaginários". Isso significa questionar as respostas, pedir justificativas e confrontar erros, como forma de estimular o pensamento crítico e manter o controle sobre o processo de aprendizado.

Já a revista MDPI publicou um estudo em setembro que relaciona o uso excessivo de ferramentas de IA ao chamado "offloading cognitivo", quando o cérebro terceiriza parte do raciocínio à máquina. O artigo recomenda dividir tarefas: usar IA apenas nas etapas em que ela agrega valor, como revisar, traduzir ou resumir, e manter as decisões e análises sob responsabilidade humana.

Outro conselho citado pelo Channel News Asia é desativar notificações e limitar o uso de redes sociais a 30 minutos ou, no máximo, duas horas por dia. Além disso, especialistas defendem alternar momentos de consumo e produção, ou seja, ler, mas também escrever, desenhar ou criar algo a partir do que se viu. Essa alternância ativa diferentes áreas do cérebro e reforça a memória de longo prazo.

Estadão
Compartilhar
TAGS
Publicidade

Conheça nossos produtos

Seu Terra












Publicidade