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Bebê "gigante" de 7,3 kg nasce no Amazonas; entenda os riscos do parto

Partos de bebês gigantes, como o da criança do Amazonas que nasceu com mais de 7 kg, podem representar riscos para a mãe. Cesáreas costumam ser mais indicadas

2 fev 2023 - 18h10
(atualizado às 21h21)
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Nas últimas semanas, o Brasil registrou o nascimento de um bebê "gigante". O menino Angerson Santos nasceu com impressionantes 7,32 kg e 59 centímetros na cidade de Parintins — localizada a 369 quilômetros de distância da capital do Amazonas, Manaus. Devido à condição da criança e aos riscos de um parto natural, os médicos precisaram recorrer a uma cesárea.

Ao dar entrada na maternidade, no dia anterior ao nascimento, a mãe Cleidiane, que já tinha parido outros cinco filhos, foi informada que o bebê seria grande. No entanto, conta que "não esperava essa surpresa, eu pensei que seriam 4 kg, mas foram 7 kg", segundo comunicado da Secretaria de Estado de Saúde do Amazonas.

Para dimensionar o tamanho de Angerson, é normal que meninos recém-nascidos pesem, em média, 3,3 kg. Para as meninas, a média é de até 3,2 kg. Embora o bebê seja realmente grande, ele não superou o recordista mundial: um bebê nascido em 1955, na Itália, pesando 10,2 kg.

Como chamam bebês que nascem gigantes?

Dentro da obstetrícia — a especialidade médica que cuida da gestação —, o nascimento de bebês gigantes são descritos como casos de macrossomia. De forma resumida, qualquer criança que tenha mais de 4 kg, independentemente da idade gestacional, é considerada bebê macrossômico.

"Bebês macrossômicos representam cerca de 12% dos nascimentos [no mundo]", explica Adam Taylor, professor da Universidade de Lancaster, na Inglaterra, em artigo para o site The Conversation. "Em mulheres com diabetes gestacional (alto nível de açúcar no sangue durante a gravidez), esse percentual aumenta para entre 15% e 45% dos nascimentos", acrescenta.

Foto: DCStudio/Freepik / Canaltech

Vale explicar que, quando a mãe desenvolve diabetes durante o parto, este quadro facilita a entrada de lipídios (gorduras) na placenta do bebê. É como se o bebê recebesse e tivesse mais "matéria" para crescer que o normal.

Além do diabetes gestacional, outras condições aumentam o risco de nascimento de um bebê macrossômico:

  • Sexo do bebê, já que meninos são três vezes mais propensos a desenvolveram essa condição;
  • Peso corporal da mãe (obesidade);
  • Ganho de peso excessivo durante a gestação;
  • Gravidez tardia, depois dos 35 anos;
  • Paciente que já teve outros filhos.

Quais os riscos na hora do parto para as mães?

Parir um filho gigante envolve inúmeros riscos tanto para a mãe quanto para o bebê, especialmente quando o parto é natural — por isso, é relativamente normal que se opte pela cesárea nessas condições. Por exemplo, o bebê com macrossomia tem mais dificuldade em se mover pelo canal vaginal. "É bastante comum, por exemplo, que o ombro do bebê fique preso atrás do osso púbico da mãe", explica Taylor.

Outra questão é que, por causa da mobilidade reduzida da criança, os partos naturais tendem a levar mais tempo que o normal. Isso aumenta o risco da gestante sofrer com infecções, retenção urinária ou hematomas (sangramento interno).

Basicamente, quanto maior o bebê, maior o risco de lesões para a gestante. "As mães correm maior risco de laceração vaginal durante o parto, o que aumenta o risco de hemorragia pós-parto", comenta o professor. Aqui, cabe destacar que hemorragias são a principal causa de morte materna no mundo.

Como a macrossomia impacta o futuro da criança?

Ponto curioso é que, embora bebês gigantes sejam um fenômeno já conhecido há anos pela ciência, pouco se sabe sobre como as características do nascimento impactam no futuro da criança. Por exemplo, não se sabe se eles permanecerão maiores ou mais pesados ao longo da vida.

Hoje, Taylor comenta que "os dados limitados que existem indicam que eles são mais propensos a ter sobrepeso ou obesidade aos sete anos e também são mais suscetíveis a desenvolver diabetes tipo 2 mais tarde na vida". No entanto, mais estudos são necessários até para confirmar esses riscos.

Fonte: SES-AMThe Conversation    

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