O ex-governador de São Paulo e deputado federal Luis Antônio Fleury Filho (PTB) defendeu hoje, durante entrevista à uma rádio paulista, o coronel reformado da Polícia Militar, Ubiratan Guimarães, acusado pelo assassinato de 111 presos e pela tentativa de homicídio contra outros cinco. Fleury disse que a invasão da PM na Casa de Detenção de São Paulo, que resultou no chamado massacre do Carandiru, foi uma ação legítima e o coronel não pode ser responsabilizado. O julgamento de Guimarães, que liderou a operação, entra hoje no terceiro dia e estava previsto para começar às 9h.
O ex-governador sustentou a versão dada por Ubiratan, em seu depoimento no primeiro dia de julgamento, na quarta-feira, de que a polícia tinha ordens para controlar o tumulto e liberar a área do Pavilhão 9, que estava em rebelião, para que os bombeiros pudessem apagar o incêndio provocado pelos detentos. Fleury afirma que só ficou sabendo das 111 mortes às 14h do dia seguinte à operação.
Ontem, o julgamento foi interrompido por volta das 20h20, dez minutos antes do previsto, pois a jurada Sandra Cristina Ferreira da Silva sentiu-se mal, após uma queda de pressão. A jurada, que foi atendida por um médico de plantão, passa bem e deve seguir assistindo ao julgamento hoje normalmente.
Em dezembro do ano passado, o julgamento de Ubiratan foi adiado no terceiro dia pois um dos jurados, eletricista David Fernandes Moreno, também passou mal. A juíza responsável pelo caso, Maria Cristina Cotrofe, descartou ontem um novo cancelamento.
Visita ao Carandiru - A defesa do coronel disse ontem que quer levar os sete jurados que julgam o coronel ao Complexo do Carandiru. O promotor de acusação, Felipe Locke Cavalcanti, afirmou que não se opõe à idéia. "Tanto faz. Se o corpo de jurados tiver interesse, ótimo", disse ele. Segundo Cavalcanti, a juíza Maria Cristina Cotrofe está analisando o pedido da defesa.
Na sessão desta quinta-feira, os sete jurados que julgam Guimarães ouviram depoimentos registrados nos autos do processo. Ao todo, foram selecionados pela acusação 80 depoimentos de policiais, vítimas e sobreviventes. O juri ouvirá ainda a leitura de trechos de seis livros e uma série de reportagens sobre o caso. A análise do material escrito prossegue hoje.
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