De Malvinas à Paz: saiba como bairros periféricos de Salvador ganharam seus nomes

Autor de livro sobre os 171 bairros da capital explica a origem dos nomes de sete importantes quebradas soteropolitanas

9 ago 2025 - 05h59
Resumo
Eventos históricos, abaixo-assinado, sobrenome do proprietário, entre outros motivos, explicam como comunidades de Salvador foram batizadas. Conheça a origem de Uruguai, Lobato, Calabetão, Rio Sena, Bairro da Paz, Alto do Cabrito e Beiru/Tancredo Neves.
Foto: Paulo de Almeida Filho

O petróleo foi descoberto no Brasil em 1939, no Lobato, subúrbio ferroviário de Salvador (BH). Mas o nome do bairro não é uma homenagem ao escritor Monteiro Lobato, defensor do petróleo brasileiro, explica o professor Adson Brito do Velho, que lança livro sobre a gênese dos nomes dos 171 bairros da capital baiana.

Ele conversou com o Visão do Corre sobre sete comunidades periféricas da capital baiana. Por que sete? Por ser um número cabalístico, oras; além da relevância das comunidades no cenário urbano de Salvador, como o Bairro da Paz, que era Invasão das Malvinas, em referência à guerra entre Argentina e Inglaterra.

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Beiru/Tancredo Neves

Foto: Wikipédia

É um dos bairros mais antigos de Salvador. O IBGE classifica o Beiru como a maior favela da Bahia, a décima do país, com pouco mais de 38 mil habitantes. Segundo a tradição oral, as raízes históricas do Beiru estão relacionadas a um escravizado nigeriano chamado Gbeiru, de origem iorubá. O nome foi mudado para Tancredo Neves, mas a população não aceitou. A solução é o nome composto Beiru/Tancredo Neves.

Alto do Cabrito

Foto: Thuane Maria/GOVBA

É um dos bairros mais antigos de Salvador, remonta ao século 16. Está localizado no subúrbio ferroviário da cidade. Com os bairros de Pirajá e Plataforma, o Alto do Cabrito foi palco da Batalha de Pirajá, em 8 de novembro de 1822, na luta pela independência do Brasil, na Bahia. O nome do bairro se deve ao fato de estar localizado no alto, onde existia um engenho.

Bairro da Paz

Foto: Paulo de Almeida Filho

Fazia parte de uma localidade conhecida como Invasão das Malvinas, em referência à guerra das Malvinas, que aconteceu em 1982, entre Argentina e Inglaterra. Nas Malvinas da periferia de Salvador, houve muitos conflitos entre moradores e a polícia, em ações para desalojar a ocupação. Até que os moradores obtiveram a posse e houve um plebiscito para mudança do nome. Venceu Bairro da Paz.

Uruguai

Foto: Mateus Pereira/GOVBA

Algumas fontes informam que o nome vem de um batismo popular irônico. Os moradores, revoltados com a derrota do Brasil para o Uruguai na Copa de 1950, resolveram homenagear a seleção adversária. É o único bairro de Salvador que recebeu a visita de três santos: irmã Dulce, hoje Santa Dulce dos Pobres; papa João Paulo II e Madre Teresa de Calcutá. Ainda falta infraestrutura urbana básica no Uruguai.

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Lobato

Foto: Manu Dias/GOVBA

Localizado no subúrbio ferroviário de Salvador, ganhou visibilidade 1939, quando o governo descobriu ali o primeiro poço de petróleo brasileiro. Muitas pessoas acham que o nome está associado ao escritor Monteiro Lobato, mas não é, apesar do escritor ser um grande propagandista do petróleo. O nome é por causa de uma pedreira, cujo proprietário é era Francisco Rodrigues Lobato.

Rio Sena

Foto: Divulgação

Fica no subúrbio ferroviário. Era conhecido como Jardim Praia Grande, mas uma obstinada moradora fez um abaixo assinado para trocar o nome para Rio Sena. Segundo o professor Adson Brito, “muitas pessoas pensam que é uma homenagem ao piloto de fórmula 1, Ayrton Senna”. Mas a homenagem é a Joana D´Arc, que teve suas cinzas jogadas no rio Sena, em Paris.

Calabetão

Foto: Valter Pontes/Secom

No local existia um terreiro de candomblé administrado por uma influente ialorixá chamada Maria Calabetan. Ela foi uma das fundadoras da comunidade e, “como uma forma de homenageá-la, com o tempo, o bairro começou a ser chamar Calabetão”. O bairro começou nos anos 1960.

Serviço

Lançamento de Os 171 bairros de Salvador e as origens dos seus nomes

Data: 09 de agosto de 2025 (sábado)

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Horário: das 18h às 20h

Local: Livraria do Glauber – Cine Glauber Rocha

Praça Castro Alves, nº 5, Centro, Salvador – BA

Fonte: Visão do Corre
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