Eventos históricos, abaixo-assinado, sobrenome do proprietário, entre outros motivos, explicam como comunidades de Salvador foram batizadas. Conheça a origem de Uruguai, Lobato, Calabetão, Rio Sena, Bairro da Paz, Alto do Cabrito e Beiru/Tancredo Neves.
O petróleo foi descoberto no Brasil em 1939, no Lobato, subúrbio ferroviário de Salvador (BH). Mas o nome do bairro não é uma homenagem ao escritor Monteiro Lobato, defensor do petróleo brasileiro, explica o professor Adson Brito do Velho, que lança livro sobre a gênese dos nomes dos 171 bairros da capital baiana.
Ele conversou com o Visão do Corre sobre sete comunidades periféricas da capital baiana. Por que sete? Por ser um número cabalístico, oras; além da relevância das comunidades no cenário urbano de Salvador, como o Bairro da Paz, que era Invasão das Malvinas, em referência à guerra entre Argentina e Inglaterra.
Beiru/Tancredo Neves
É um dos bairros mais antigos de Salvador. O IBGE classifica o Beiru como a maior favela da Bahia, a décima do país, com pouco mais de 38 mil habitantes. Segundo a tradição oral, as raízes históricas do Beiru estão relacionadas a um escravizado nigeriano chamado Gbeiru, de origem iorubá. O nome foi mudado para Tancredo Neves, mas a população não aceitou. A solução é o nome composto Beiru/Tancredo Neves.
Alto do Cabrito
É um dos bairros mais antigos de Salvador, remonta ao século 16. Está localizado no subúrbio ferroviário da cidade. Com os bairros de Pirajá e Plataforma, o Alto do Cabrito foi palco da Batalha de Pirajá, em 8 de novembro de 1822, na luta pela independência do Brasil, na Bahia. O nome do bairro se deve ao fato de estar localizado no alto, onde existia um engenho.
Bairro da Paz
Fazia parte de uma localidade conhecida como Invasão das Malvinas, em referência à guerra das Malvinas, que aconteceu em 1982, entre Argentina e Inglaterra. Nas Malvinas da periferia de Salvador, houve muitos conflitos entre moradores e a polícia, em ações para desalojar a ocupação. Até que os moradores obtiveram a posse e houve um plebiscito para mudança do nome. Venceu Bairro da Paz.
Uruguai
Algumas fontes informam que o nome vem de um batismo popular irônico. Os moradores, revoltados com a derrota do Brasil para o Uruguai na Copa de 1950, resolveram homenagear a seleção adversária. É o único bairro de Salvador que recebeu a visita de três santos: irmã Dulce, hoje Santa Dulce dos Pobres; papa João Paulo II e Madre Teresa de Calcutá. Ainda falta infraestrutura urbana básica no Uruguai.
Lobato
Localizado no subúrbio ferroviário de Salvador, ganhou visibilidade 1939, quando o governo descobriu ali o primeiro poço de petróleo brasileiro. Muitas pessoas acham que o nome está associado ao escritor Monteiro Lobato, mas não é, apesar do escritor ser um grande propagandista do petróleo. O nome é por causa de uma pedreira, cujo proprietário é era Francisco Rodrigues Lobato.
Rio Sena
Fica no subúrbio ferroviário. Era conhecido como Jardim Praia Grande, mas uma obstinada moradora fez um abaixo assinado para trocar o nome para Rio Sena. Segundo o professor Adson Brito, “muitas pessoas pensam que é uma homenagem ao piloto de fórmula 1, Ayrton Senna”. Mas a homenagem é a Joana D´Arc, que teve suas cinzas jogadas no rio Sena, em Paris.
Calabetão
No local existia um terreiro de candomblé administrado por uma influente ialorixá chamada Maria Calabetan. Ela foi uma das fundadoras da comunidade e, “como uma forma de homenageá-la, com o tempo, o bairro começou a ser chamar Calabetão”. O bairro começou nos anos 1960.
Serviço
Lançamento de Os 171 bairros de Salvador e as origens dos seus nomes
Data: 09 de agosto de 2025 (sábado)
Horário: das 18h às 20h
Local: Livraria do Glauber – Cine Glauber Rocha
Praça Castro Alves, nº 5, Centro, Salvador – BA