O relatório evidencia que as periferias fazem muito com pouco: são elas que sustentam redes de cuidado, agroecologia, reflorestamento e soberania alimentar, mas continuam sendo as menos financiadas e as menos ouvidas.
Preparado para ser apresentado na COP30, o relatório Diretrizes para a Filantropia Climática mostra que 82,3% das organizações periféricas realizam ações ligadas à agenda ambiental, mas apenas 15,9% acessam financiamentos. O relatório será apresentado em 12 de novembro em Castanhal, Região Metropolitana de Belém.
O estudo reúne dados de 113 organizações periféricas de todas as regiões e biomas do país, além de informações qualitativas coletadas em uma imersão com 20 organizações do Recife (PE). Esse encontro mapeou práticas locais de adaptação e tecnologias sociais voltadas à justiça climática.
Metade das organizações periféricas pesquisadas são informais, sem CNPJ. Isso impede que concorram em editais e acessem os principais fundos de doação. A informalidade, segundo o relatório, é por conta de barreiras burocráticas e da exclusão histórica de estruturas institucionais de financiamento.
Como as favelas do Recife combatem a crise climática?
Durante o encontro em Recife, as 20 organizações participantes mapearam ações concretas de enfrentamento aos extremos climáticos, como presença de sensores e redes de alerta para inundações. Encontraram bioconstruções, moradias adaptadas ao calor e outras soluções.
Entre elas, telhados verdes, hortas, iniciativas de reflorestamento, redes de doações e de abrigos. Segundo o relatório, as soluções variadas existem porque as periferias não podem esperar o financiamento. Como sempre, vão à luta.
Diretrizes para a Filantropia Climática foi elaborado pela Iniciativa PIPA e Coletivo MIRÍ. Além da apresentação do relatório durante a COP30, os coletivos participarão de mesas e articulações ao longo do evento.
Mas, afinal, o que explica um relatório produzido em Castanhal?
Com a CPO30 batendo à porta, eis a oportunidade de conhecer organizações periféricas de jovens paraenses. O Visão do Corre tem destacado essas iniciativas, como a COP das Baixadas e o Museu de Arte Urbana, em Belém e Região Metropolitana, assim como ativistas da causa climática do interior do estado.
O relatório Diretrizes para a Filantropia Climática é produzido pela Iniciativa PIPA e pelo Coletivo MIRÍ, formado por adolescentes e jovens que atuam na agrovila Itaqui, zona rural de Castanhal (PA), e em territórios vizinhos.
Eles defendem pautas socioambientais por meio da arte, cultura, tecnologia e diálogo com a comunidade, desenvolvendo ações de coleta seletiva, combate ao desmatamento e educação ambiental.