COP30: relatório mostra periferias enfrentando crise climática sem financiamento

Preparado para ser apresentado na COP30, estudo revela desigualdade racial e territorial no acesso a recursos financeiros

24 out 2025 - 07h31
Resumo
O relatório evidencia que as periferias fazem muito com pouco: são elas que sustentam redes de cuidado, agroecologia, reflorestamento e soberania alimentar, mas continuam sendo as menos financiadas e as menos ouvidas.
Jurunas, frente da biblioteca comunitária Gueto Hub, local de articulação das baixadas diante da crise climática.
Jurunas, frente da biblioteca comunitária Gueto Hub, local de articulação das baixadas diante da crise climática.
Foto: Leonardo Kawabe

Preparado para ser apresentado na COP30, o relatório Diretrizes para a Filantropia Climática mostra que 82,3% das organizações periféricas realizam ações ligadas à agenda ambiental, mas apenas 15,9% acessam financiamentos. O relatório será apresentado em 12 de novembro em Castanhal, Região Metropolitana de Belém.

O estudo reúne dados de 113 organizações periféricas de todas as regiões e biomas do país, além de informações qualitativas coletadas em uma imersão com 20 organizações do Recife (PE). Esse encontro mapeou práticas locais de adaptação e tecnologias sociais voltadas à justiça climática.

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Metade das organizações periféricas pesquisadas são informais, sem CNPJ. Isso impede que concorram em editais e acessem os principais fundos de doação. A informalidade, segundo o relatório, é por conta de barreiras burocráticas e da exclusão histórica de estruturas institucionais de financiamento.

O bairro da Cabanagem, em homenagem a movimento histórico, surge no final da década de 1980
Foto: Alessandra Serrão/NID Comus

Como as favelas do Recife combatem a crise climática?

Durante o encontro em Recife, as 20 organizações participantes mapearam ações concretas de enfrentamento aos extremos climáticos, como presença de sensores e redes de alerta para inundações. Encontraram bioconstruções, moradias adaptadas ao calor e outras soluções.

Entre elas, telhados verdes, hortas, iniciativas de reflorestamento, redes de doações e de abrigos. Segundo o relatório, as soluções variadas existem porque as periferias não podem esperar o financiamento. Como sempre, vão à luta.

Diretrizes para a Filantropia Climática foi elaborado pela Iniciativa PIPA e Coletivo MIRÍ. Além da apresentação do relatório durante a COP30, os coletivos participarão de mesas e articulações ao longo do evento.

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Localizada na Região Metropolitana de Belém, a cidade de Castanhal fica a 68 quilômetros da capital. Coletivo MIRÍ atua no território.
Foto: Divulgação

Mas, afinal, o que explica um relatório produzido em Castanhal?

Com a CPO30 batendo à porta, eis a oportunidade de conhecer organizações periféricas de jovens paraenses. O Visão do Corre tem destacado essas iniciativas, como a COP das Baixadas e o Museu de Arte Urbana, em Belém e Região Metropolitana, assim como ativistas da causa climática do interior do estado.

O relatório Diretrizes para a Filantropia Climática é produzido pela Iniciativa PIPA e pelo Coletivo MIRÍ, formado por adolescentes e jovens que atuam na agrovila Itaqui, zona rural de Castanhal (PA), e em territórios vizinhos.

Eles defendem pautas socioambientais por meio da arte, cultura, tecnologia e diálogo com a comunidade, desenvolvendo ações de coleta seletiva, combate ao desmatamento e educação ambiental.

Fonte: Visão do Corre
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