Nos Estados Unidos, o primeiro paciente humano a receber um rim de porco geneticamente modificado faleceu, no sábado (11). Com doença em estágio avançado e comorbidades, o paciente Richard Slayman, que tinha 62 anos, sobreviveu por praticamente dois meses — exatos 56 dias —, após a cirurgia inédita.
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A cirurgia que permitiu que um rim de porco fosse transplantado para um humano foi coordenada pelo médico e cirurgião brasileiro Leonardo Riella, do Hospital Geral de Massachusetts (MGH).
Para tornar possível o transplante entre espécies, o rim de porco foi fornecido pela empresa norte-americana eGenesis. Antes da cirurgia, o órgão do animal passou por 69 edições genômicas, feitas com a tecnologia CRISPR-Cas9 (vencedora do Prêmio Nobel) para remover genes prejudiciais e adicionar determinados genes humanos, o que melhora o nível de compatibilidade.
Vale observar que, no momento, a paciente Lisa Pisano fez o transplante e também vive com um rim de porco. No entanto, a cirurgia de Pisano foi mais complexa, já que recebeu também um coração mecânico. Ela enfrenta problemas renais e cardíacos.
Rim de porco parou de funcionar?
Em nota, a equipe médica do hospital norte-americano lamentou a morte da primeira pessoa a receber um rim de porco no mundo. Os médicos responsáveis também afirmaram que não havia nenhum indício de que o óbito ocorreu como resultado da cirurgia ou por rejeição do órgão suíno.
"Não temos indicação de que [o óbito do paciente] tenha sido resultado de seu recente transplante", pontua o comunicado.
Estado de saúde de Richard Slayman
A piora do estado de saúde do paciente pode ter como origem diferentes causas, como a doença renal em estágio avançado que afetava Richard. Além disso, o indivíduo convive com diabetes tipo 2 e hipertensão (pressão alta) há muitos anos.
Inclusive, Richard chegou a receber um transplante de rim "convencional" em 2018, proveniente de um doador humano. No entanto, o órgão começou a dar indícios de que iria parar de funcionar em maio do ano passado.
Por todo seu histórico, ele não estava apto a receber um novo transplante humano. Então, optou-se pela cirurgia experimental, envolvendo o transplante entre espécies diferentes (xenotransplantes).
Família do primeiro paciente a receber transplante
"Nossa família está profundamente triste com o falecimento repentino de nosso amado Rick, mas ficamos consolados em saber que ele inspirou tantos", afirmam os familiares do paciente, em nota. "Seu legado inspirará pacientes, pesquisadores e profissionais de saúde em todos os lugares", acrescentam. Afinal, a partir dos insight obtidos durante a cirurgia, os médicos poderão tornar o procedimento mais seguro e eficiente no futuro.
Entenda os xenotransplantes
Até o caso do norte-americano Richard, transplantes de rim suínos para humanos só tinham sido realizados em pacientes com morte cerebral. Por isso, a evolução deste caso era bastante esperada, ainda mais que o órgão passou por 69 correções genéticas, o que buscava impedir o risco de rejeição. Testes com corações de porco implantados em humanos também são desenvolvidos.
Fonte: MGH
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