Por que consumir álcool com energético pode te colocar em risco?

Comum em drinks e em longas noitadas, mistura eleva sobrecarga ao coração; entenda

13 dez 2025 - 04h59
Bebidas álcoolicas com energético podem causar consequências graves
Bebidas álcoolicas com energético podem causar consequências graves
Foto: Reprodução/freepic.diller/Freepik

Com o fim de ano batendo à porta, chegam também as confraternizações, as férias e aquela maratona de festas -- e, claro, a presença mais constante de bebidas alcoólicas. Uma combinação continua em alta nas baladas e nos encontros de virada: álcool com energético. A mistura, popularizada entre drinks e longas noitadas, pode parecer inofensiva, mas cardiologistas alertam que os efeitos estimulantes dos energéticos elevam a sobrecarga sobre o coração, mascaram sinais de intoxicação e aumentam o risco de arritmias.

Segundo o médico Fabrício da Silva, cardiologista da Clínica Amplexus, as substâncias presentes tanto no álcool quanto nos energéticos atuam diretamente no sistema elétrico do coração, causando taquicardia. O especialista acrescenta que pessoas com problemas estruturais no coração, como hipertrofia ou inflamações, têm maior suscetibilidade a quadros graves.

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A associação pode ainda mascarar o nível de embriaguez, aumentando a ingestão de álcool e criando uma sensação falsa de energia. Para Marcelo Bergamo, cardiologista do Hospital Santa Bárbara, essa contradição entre depressão do sistema nervoso (pelo álcool) e estímulo cardiovascular (pelos energéticos) engana o organismo. "Isso pode mascarar a sensação de embriaguez, levando a maior consumo de álcool sem percepção de risco imediato, e sobrecarregar o coração, aumentando a frequência cardíaca e a pressão arterial.", afirma.

Riscos aumentam no fim do ano

Tanto Silva quanto Bergamo afirmam observar maior incidência de quadros cardíacos relacionados a essa mistura justamente em períodos de festas. "Final de ano, férias, confraternizações e, consequentemente, as pessoas se expõem a uma maior quantidade de álcool e aquelas pessoas que gostam dos drinks que envolvam o álcool com o energético também acabam se expondo em maior quantidade", diz Silva.

Bergamo confirma que verão e feriados concentram mais casos -- especialmente em festas, bares e eventos com consumo intenso. Por esse consumo, jovens adultos, de 18 a 30 anos, são os que mais registram casos nessa época, com foco nos homens.

Quem está mais vulnerável?

Entre os grupos mais suscetíveis, os especialistas citam idosos, hipertensos, diabéticos e pessoas com histórico de arritmia ou doenças cardíacas. Jovens adultos, porém, estão longe de estar protegidos. "Mesmo indivíduos aparentemente saudáveis podem apresentar complicações se exagerarem na quantidade ou na frequência", afirma Bergamo.

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Sinais de alerta

Palpitação, batimentos acelerados, dor no peito, falta de ar, tontura e pressão na cabeça estão entre os principais sintomas. O aparecimento de náusea intensa, confusão mental ou sensação de ansiedade também devem acender o alerta.

"Se algum desses sintomas aparecer, é fundamental não ignorá-los, mesmo que pareçam passageiros", indica Bergamo. "Procure atendimento médico imediatamente. Enquanto aguarda ajuda, hidratar-se também ajuda. Evite esforço físico, mantenha-se sentado ou deitado e, se possível, alguém deve acompanhar a pessoa. Quanto mais rápido o atendimento, menores os riscos de complicações graves."

Silva recomenda que, se possível, festeiros monitorem os batimentos com smartwatch, mas reforça que a medida não substitui avaliação médica.

Exposição repetida aumenta o risco

O consumo frequente ao longo da vida pode provocar alterações permanentes, como hipertrofia do coração, aumento da pressão arterial e lesões no ritmo cardíaco. "Quanto maior a exposição às substâncias, maiores os riscos", explica Silva.

Fonte: Portal Terra
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