Menina só é diagnosticada com tumor cerebral após 3 anos; por que é tão difícil?

Inglesa de 11 anos teve de passar por cerca de 30 consultas médicas até receber seu diagnóstico de tumor cerebral

15 mai 2024 - 16h40
Tia Gordon sofria de dores de cabeça e náuseas
Tia Gordon sofria de dores de cabeça e náuseas
Foto: Reprodução/Divulgação/Imogen Darby

Tia Gordon, uma criança de 11 anos, precisou passar por 30 consultas médicas até receber seu diagnóstico de tumor cerebral. A pequena inglesa sofreu com enxaqueca e náuseas ao longo de três anos. 

De acordo com a mãe da menina, Imogen Darby, médicos sugeriram que ela trocasse de óculos, tomasse mais água e até mudasse a dieta, mas a possibilidade do tumor nunca foi apontada. 

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Neste ano, após passar mal por dias, a menina realizou uma tomografia computadorizada que revelou o tumor em seu cérebro - um astrocitoma pilocítico – o tipo mais comum de tumor cerebral infantil.

No mesmo dia, ela foi operada em uma cirurgia que durou 10 horas e retirou 96% do tumor. Agora, ela faz uma ressonância magnética a cada três meses.

Por que é tão difícil identificar esse tumor em crianças?

Em entrevista ao Terra Você, o médico neurocirurgião Felipe Mendes conta que em bebês e crianças muito pequenas os sinais e sintomas de um tumor cerebral podem ser mais sutis, o que dificulta a identificação.

“Pode haver vômitos, alterações na visão, convulsões, dificuldade de caminhar, falta de equilíbrio e incoordenação motora, prostração, atraso no desenvolvimento ou perda de alguns marcos do desenvolvimento já adquiridos”, diz o especialista.

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Mendes explica que muitos desses sintomas podem ser confundidos e atribuídos a causas menos graves. Além disso, em muitos casos, crianças menores não conseguem descrever o que estão sentindo com precisão, o que também pode retardar o diagnóstico adequado.

Diante da suspeita clínica, inicialmente é solicitada uma tomografia computadorizada (TC) ou, preferencialmente, a ressonância magnética (RM), por oferecer uma visão mais detalhada do cérebro. Porém como é um exame mais desconfortável e demorado, muitos pacientes pediátricos precisam realizar esse exame sob sedação. 

Além disso, existem outras modalidades adicionais como exames de sangue e, em alguns casos, pode ser necessária uma biópsia cerebral para confirmar o diagnóstico e determinar o tipo específico do tumor.

O especialista ressalta que a comunicação e a colaboração entre diferentes especialidades médicas como pediatria, neurologia, neurocirurgia e oncologia também são fundamentais para o diagnóstico precoce de tumores cerebrais. 

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“Esse cuidado interdisciplinar torna possível interpretar os sintomas de forma mais assertiva, avaliar com mais agilidade e ser mais eficaz no plano de tratamento”, avalia o médico.

Um dos principais fatores que determinam a evolução de um tumor cerebral é o momento do diagnóstico. A boa notícia é que, quanto mais precoce, maiores as chances de cura, principalmente em pacientes pediátricos. O neurocirurgião conta que, por outro lado, o atraso no diagnóstico pode levar a complicações graves, incluindo progressão da doença, danos neurológicos permanentes, descontrole da doença e risco de morte. 

As opções de tratamento para tumores cerebrais pediátricos incluem a cirurgia para remover o máximo de tumor possível, respeitando o limite de segurança, além de radioterapia e quimioterapia.

“Tudo é estruturado a depender do tipo, da localização e do estágio do tumor. Hoje em dia, para alguns tipos de tumores específicos, existe a possibilidade de utilização de alguns medicamentos para controlar o crescimento de tumores”, conclui o especialista.

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Fonte: Redação Terra Você
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