Luciana Gimenez operou hérnia de disco cervical; especialistas explicam cirurgia e riscos

Apresentadora já gravou alguns vídeos lamentando o pós-operatório

18 mar 2025 - 19h25
(atualizado às 19h27)
Luciana Gimenez após cirurgia de hérnia de disco
Luciana Gimenez após cirurgia de hérnia de disco
Foto: Reprodução/Instagram

Luciana Gimenez, 55 anos, passou por uma cirurgia de emergência para corrigir uma hérnia de disco na cervical e segue internada no Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo. Desde então, a apresentadora já gravou alguns vídeos lamentando o pós-operatório e chegou a chamá-lo de "tortura", já que é uma pessoa ativa e está com inchaços e limitações por enquanto.

O que é hérnia de disco cervical? 

A hérnia de disco cervical é uma condição na qual o núcleo pulposo do disco intervertebral se desloca além do anel fibroso, podendo comprimir estruturas nervosas, como as raízes nervosas e a medula espinhal. 

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"Essa condição geralmente ocorre devido à degeneração natural do disco ao longo do tempo, mas também pode ser causada por fatores como trauma, movimentos repetitivos e má postura. O desgaste progressivo dos discos cervicais leva à perda da elasticidade e resistência, facilitando o extravasamento do material discal para o canal vertebral", explica o médico ortopedista Daniel Oliveira, especialista em coluna vertebral e diretor do Núcleo de Ortopedia e Traumatologia de Belo Horizonte.

Sintomas e indicação cirúrgica

Os sintomas da hérnia de disco cervical variam de acordo com a localização e a gravidade da compressão das estruturas nervosas. Os mais comuns incluem dor no pescoço que pode irradiar para os ombros e braços, formigamento ou dormência nos membros superiores, fraqueza muscular e diminuição da coordenação motora. 

"Em casos mais graves, pode haver compressão da medula espinhal, levando a uma condição chamada mielopatia cervical, que pode causar dificuldades para caminhar, perda de destreza nas mãos e até comprometimento do controle esfincteriano", conta o médico neurocirurgião  Felipe Mendes, especialista em coluna e membro da Sociedade Brasileira de Neurocirurgia. 

O especialista explica que o tratamento inicial geralmente é conservador, com o uso de medicação para alívio da dor e da inflamação, fisioterapia e, em alguns casos, infiltrações para alívio temporário dos sintomas. 

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"A cirurgia pode ser indicada quando há falha no tratamento conservador após 6 a 12 semanas, quando o paciente apresenta déficit neurológico progressivo (como fraqueza muscular significativa) ou quando há sinais de compressão da medula espinhal, que podem levar a sequelas irreversíveis se não tratadas", completa.

Como é a cirurgia para a hérnia de disco cervical?

As hérnias de disco na região cervical podem ser tratadas de diversas maneiras. No entanto, a cirurgia mais comum para a hérnia de disco cervical é a discectomia cervical anterior com fusão (ACDF). 

"Nesse procedimento, o cirurgião acessa a coluna cervical por meio de uma pequena incisão na parte anterior do pescoço e remove o disco herniado, descomprimindo as estruturas nervosas afetadas", detalha o Dr. João Vitor Lima, neurocirurgião especialista em coluna vertebral. 

Para manter a estabilidade e altura do espaço intervertebral, o médico explica que um enxerto ósseo ou um espaçador sintético (cage) é inserido, promovendo a fusão óssea entre as vértebras. 

"Em alguns casos, também é utilizada uma placa com parafusos para fixação adicional. Outra opção cirúrgica é a artroplastia cervical, na qual o disco herniado é substituído por uma prótese artificial, permitindo a preservação da mobilidade cervical", diz. 

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O pós-operatório da cirurgia cervical costuma ser bem tolerado, com alta hospitalar em 24 a 48 horas. 

"O uso de colar cervical pode ser recomendado temporariamente, e o retorno a atividades leves ocorre geralmente em 2 a 6 semanas. A fusão óssea completa leva cerca de 3 a 6 meses, e a reabilitação fisioterapêutica é fundamental para restaurar a força muscular e a mobilidade", complementa.

Apesar de ser uma cirurgia segura,  o médico explica que existem riscos que devem ser considerados. 

As possíveis complicações incluem:

  • lesão de estruturas nervosas (embora seja raro, pode causar déficits neurológicos permanentes)
  • infecção
  • disfagia temporária (dificuldade para engolir)
  • formação inadequada da fusão óssea (pseudoartrose, que pode necessitar de nova cirurgia) e a síndrome do segmento adjacente, uma condição em que os discos vizinhos à área operada podem sofrer degeneração acelerada. 

"Por isso, a decisão pela cirurgia deve ser feita com base em uma avaliação clínica detalhada e exames de imagem, garantindo que o tratamento seja individualizado e adequado para cada paciente", conclui.

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