Nutrientes como ômega-3, vitaminas do complexo B, ferro e magnésio podem contribuir para o equilíbrio emocional e a produtividade feminina no trabalho
Estudos recentes reforçam a relação direta entre alimentação e saúde mental, evidenciando que escolhas nutricionais influenciam o bem-estar emocional. Nutrientes como ômega-3 e vitaminas do complexo B são essenciais no combate ao estresse oxidativo, enquanto a deficiência de ferro, vitamina D, magnésio e vitaminas do complexo B pode intensificar sintomas de ansiedade e depressão, condições que afetam milhões de brasileiros.
Segundo pesquisa realizada pela Covitel em 2023, 12,7% da população brasileira convive com depressão. No ambiente corporativo, o impacto também é significativo: em 2024, os afastamentos por questões de saúde mental atingiram recorde histórico, evidenciando os custos emocionais e produtivos dentro das organizações.
Para Juliana Prana, nutricionista da Premium Essential Kitchen, empresa especializada em refeições corporativas, a falta de nutrientes compromete o funcionamento do sistema nervoso, o equilíbrio dos neurotransmissores e a regulação do humor.
"A deficiência de vitamina D, por exemplo, interfere no sistema nervoso, responsável por processar informações e sustentar funções básicas do corpo e da mente. No trabalho, isso se traduz em colaboradores mais ansiosos, cansados ou desmotivados, impactando diretamente a produtividade", explica.
A especialista reforça que investir em uma alimentação equilibrada deve ser considerado estratégico pelas empresas, já que influencia a motivação e o desempenho das equipes.
"O ferro ajuda a controlar a fadiga e a melhorar a concentração. A vitamina D favorece a produção de serotonina, conhecida como 'hormônio da felicidade'. O magnésio contribui para reduzir o estresse e melhorar o sono. As vitaminas B6, B9 e B12 participam da síntese de neurotransmissores como serotonina e dopamina, fundamentais para o bem-estar emocional da mulher."
Nutrientes e ciclo menstrual: alívio para TPM e oscilações de humor
Oscilações hormonais ao longo do ciclo menstrual afetam diretamente neurotransmissores como serotonina e dopamina, responsáveis pela sensação de bem-estar. Esses desequilíbrios podem intensificar sintomas de ansiedade, irritabilidade e fadiga, especialmente no período pré-menstrual, prejudicando o desempenho no trabalho.
Segundo Prana, a ingestão adequada de determinados nutrientes pode reduzir significativamente esses efeitos.
"O magnésio auxilia no relaxamento muscular e na regulação do sistema nervoso, enquanto as vitaminas do complexo B contribuem para a produção de energia e equilíbrio emocional. Cálcio e vitamina D ajudam a diminuir a intensidade dos sintomas da tensão pré-menstrual (TPM), promovendo saúde óssea e estabilidade do humor", afirma.
Entre os alimentos indicados estão peixes ricos em ômega-3, oleaginosas, sementes de abóbora e girassol, vegetais verde-escuros, leguminosas e cereais integrais, que auxiliam no controle da ansiedade, irritabilidade e cansaço. Frutas como banana e abacate, ricas em triptofano, aminoácido essencial para a produção de serotonina contribuem para o bem-estar.
Saúde menstrual segue em debate
O tema da nutrição feminina vem ganhando destaque, especialmente no contexto laboral. Recentemente, a Câmara dos Deputados aprovou um projeto de lei que garante às trabalhadoras o direito do afastamento no trabalho durante o período menstrual, sem prejuízo salarial. A medida abrangerá funcionárias do setor privado, estagiárias e empregadas domésticas, e agora segue para análise no Senado. Para virar lei, a proposta ainda precisa ser aprovada pelos senadores e sancionada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Outros países da Ásia e da Europa já possuem legislações mais avançadas, fomentando debates sobre igualdade e dignidade no trabalho.
"Esse direito vem ganhando atenção do governo e de organizações de saúde. Contudo, a legislação brasileira trabalhista atual não prevê normas específicas para facilitar o retorno ao trabalho de mulheres que enfrentam dores intensas durante o ciclo. Uma forma de mitigar os desconfortos é a adoção de uma alimentação balanceada, aliada a hábitos saudáveis, como hidratação adequada e prática regular de atividade física, que podem melhorar a qualidade de vida das mulheres", conclui Juliana.