Dormindo metade do cérebro: a estratégia incrível dos animais marinhos

Durante muito tempo, pesquisadores acreditaram que todos os animais precisavam desligar o cérebro por completo para descansar. Com o avanço dos estudos sobre sono, surgiu um cenário bem diferente. Em vários ambientes aquáticos, algumas espécies desenvolveram uma forma curiosa de repouso. O cérebro não desliga todo de uma vez. Ele alterna entre duas metades, o […]

13 dez 2025 - 07h03

Durante muito tempo, pesquisadores acreditaram que todos os animais precisavam desligar o cérebro por completo para descansar. Com o avanço dos estudos sobre sono, surgiu um cenário bem diferente. Em vários ambientes aquáticos, algumas espécies desenvolveram uma forma curiosa de repouso. O cérebro não desliga todo de uma vez. Ele alterna entre duas metades, o que permite manter funções vitais em atividade.

Esse fenômeno aparece em animais que não podem parar de se mover totalmente. Eles precisam nadar para respirar, escapar de predadores ou se orientar. Por isso, a natureza ajustou o modo de descanso desses bichos. Em vez de um sono profundo, contínuo, surge um repouso parcial. A ciência passou a investigar como isso funciona no cérebro e no corpo.

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tubarão -depositphotos.com / Whitepointer
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Foto: Giro 10

Como funciona o "sono de meio cérebro" em animais marinhos?

Em várias espécies marinhas, o cérebro entra em um estado chamado sono uni-hemisférico. Nessa condição, apenas um hemisfério cerebral diminui a atividade. O outro se mantém desperto o suficiente para garantir movimento e atenção básica. Depois de um tempo, as funções se invertem. A parte que descansava desperta, enquanto a outra entra em repouso.

Esse padrão alternado evita que o animal perca totalmente a consciência do ambiente. Peixes que precisam nadar para fazer a água passar pelas brânquias se beneficiam muito disso. O repouso parcial permite que continuem se deslocando. Ao mesmo tempo, o cérebro reduz o gasto de energia e realiza tarefas ligadas à recuperação celular.

Pesquisadores observam esse modelo em espécies como golfinhos e algumas aves aquáticas. No caso de animais marinhos semelhantes aos tubarões, há registros de fases de repouso com redução de atividade motora. Mesmo assim, o corpo não chega a uma imobilidade completa. O animal mantém nado lento e constante. Assim, o cérebro administra o descanso sem comprometer a respiração.

Por que alguns animais marinhos não podem parar de nadar?

Muitos tubarões e peixes grandes dependem do chamado fluxo de água contínuo para respirar. A água entra pela boca e sai pelas brânquias, carregando oxigênio. Para manter esse processo, o animal precisa se mover quase sem interrupção. Caso pare totalmente, o fluxo cai demais. Isso reduz o suprimento de oxigênio para o corpo.

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Além da respiração, o movimento constante ajuda na flutuação e na busca de alimento. Em mar aberto, o ambiente muda rápido. Correntes se deslocam. Presas e predadores surgem de várias direções. Por isso, esses animais não podem se desligar por completo. O repouso parcial, então, se torna uma estratégia de sobrevivência.

  • Respiração contínua: o nado constante mantém a água passando pelas brânquias.
  • Vigilância: uma parte do cérebro segue atenta ao ambiente.
  • Economia de energia: a outra metade reduz a atividade e poupa recursos.
  • Manutenção da rota: o corpo se mantém em deslocamento estável.

Dessa forma, o animal marinho realiza um equilíbrio delicado. Ele não entra em sono profundo, como mamíferos terrestres costumam fazer. Em vez disso, alterna períodos de repouso parcial. A ciência associa esse comportamento ao ambiente aberto e à necessidade de movimento constante.

O que a ciência já sabe sobre tubarões que "nunca dormem"?

Entre especialistas, existe um cuidado ao afirmar que tubarões não dormem. Estudos indicam que eles apresentam ciclos de atividade e descanso. Porém, o padrão de sono não se parece com o humano. Em muitos casos, o animal reduz o ritmo de nado e a resposta a estímulos. Ao mesmo tempo, mantém o corpo em movimento e preserva reflexos essenciais.

Pesquisadores analisam sinais como posição do corpo, ritmo das nadadeiras e resposta sensorial. Alguns trabalhos identificam mudanças no funcionamento do sistema nervoso durante esses períodos. O cérebro parece entrar em um estado de repouso relativo. Assim, o tubarão consegue restaurar parte de suas funções internas. Ainda assim, continua atento o suficiente para reagir a ameaças.

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  1. Os cientistas registram variações de atividade entre dia e noite.
  2. Observam mudanças no padrão de nado durante o repouso parcial.
  3. Analisam o consumo de oxigênio em diferentes momentos.
  4. Comparam espécies que nadam sem parar com espécies que podem ficar quase imóveis.

Em 2025, o tema segue em estudo. A tecnologia de rastreamento permite acompanhar animais por mais tempo. Além disso, sensores registram dados de movimento e profundidade. Essas informações ajudam a entender melhor os ciclos de repouso. A expressão "tubarões que nunca dormem" começa a ser vista como simplificação. O que se observa, na prática, é um tipo de sono adaptado ao mar.

Que implicações esse tipo de repouso traz para o estudo do sono?

O sono de meio cérebro levanta questões sobre a própria definição de dormir. Durante décadas, muitos modelos se basearam em mamíferos terrestres. Agora, o foco se amplia. O comportamento de animais marinhos mostra que o cérebro pode descansar sem perder a capacidade de reação. Isso abre espaço para novas teorias sobre regulação do sono.

Além disso, o fenômeno desperta interesse em áreas como medicina e neurociência aplicada. O modo como esses animais mantêm vigilância e recuperação ao mesmo tempo oferece pistas. Pesquisadores avaliam como o cérebro alterna circuitos ativos e em repouso. A compreensão dessas estratégias pode apoiar estudos sobre distúrbios do sono em humanos, sempre com cautela nas comparações.

Assim, a estratégia dos animais marinhos que "dormem com metade do cérebro" reforça uma ideia central. O sono não segue um único modelo válido para todas as espécies. Cada ambiente pressiona o organismo de uma forma. Dessa forma, em resposta, o cérebro encontra caminhos diferentes para descansar, preservar energia e garantir a sobrevivência no mar em movimento constante.

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tubarão – depositphotos.com / warpaintcobra
Foto: Giro 10
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