Penso muito sobre meu dom, minha vocação e meu papel como vidente. Inúmeras pessoas, quando tem resoluções a serem tomadas ou novidades são esperadas, procuram sensitivos em busca de previsões para o futuro. Geralmente são determinados momentos da vida que apresentam transição e oferecem modificações drásticas, a angústia cresce e as dúvidas nos envolvem, aí sugestões e orientações adequadas são sempre bem vindas.
Entender que o papel de qualquer paranormal seja apenas prever é um grande equívoco. Prever interfere no livre arbítrio do ser humano, assim como pode impedi-lo de sentir uma autêntica surpresa, seja de alegria, seja de tristeza, com os fatos novos que acontecem.
O bem mais precioso do homem é sua liberdade. Prever o futuro pode acabar interferindo nessa autonomia e fazendo com que o indivíduo deixe de escolher por si mesmo, podendo até se tornar um ser dependente, com problemas em lidar com sua vontade própria. Os paranormais precisam conhecer bem as diferenças que existem entre prever e preparar o futuro.
Preparar o futuro é bem mais abrangente do que simplesmente prevê-lo, pois consiste em ter a sensibilidade de ver ainda além do que é possível prever. É determinar como a previsão se encaixa na circunstância de cada consulente, é ajudá-lo a compreender não apenas o que vem, mas também como operacionalizar, com clareza, justamente o que vem. De outra forma, como poderíamos superar o carma, que é justamente aquilo que está determinado, é previsível e permite transformação?
Preparar o futuro é se desviar do carma. Prever o futuro é simplesmente tomar conhecimento dele e correr o enorme risco de interferir de forma negativa nas escolhas do cliente, prejudicando-o em vez de ajudar.
Deixar ao consulente um espaço de escolha para que ele mesmo tome suas decisões garante equilíbrio ao sensitivo e evita acentuar o carma do envolvido, preservando a sabedoria da inteligência universal, que não reage bem às previsões fechadas de futuro. A melhor forma de superar o carma e traçar um futuro melhor é procurar a saída para a libertação e não aceitar simplesmente o que pode ser previsto de forma seca e empobrecedora.
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