Onda de frio de julho influenciou as queimadas no Pantanal

Frente fria, chuva e frio diminuíram as queimadas no bioma no começo de julho de 2024, mas condições do tempo ainda preocupam até o fim do mês e em agosto.

23 jul 2024 - 05h04
(atualizado às 05h16)

análise de Fábio Luego, meteorologista da Climatempo

As queimadas no Pantanal vêm chamando atenção do Brasil há meses devido ao grande aumento em relação aos anos anteriores. O tempo seco e quente dos últimos meses são alguns fatores que contribuíram para o grande aumento dos focos de incêndio no bioma. Porém, uma boa notícia, é que a onda de frio que atingiu parte do centro-sul do Brasil na primeira quinzena de julho ajudou a diminuir os focos de queimadas.

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Foto: Climatempo

Combate a incêndios no Pantanal na região de Corumbá, Mato Grosso do Sul (Foto: Bruno Rezende-CBMS-Fotos Públicas)

Relação das queimadas com a temperatura

Diversos fatores fazem surgir um foco de incêndio: umidade, tempo seco, altas temperaturas e até mesmo o vento pode contribuir para espalhar os focos.

O mês de julho reflete claramente a relação das temperaturas com os focos de incêndio. É possível ver esta relação comparando os dados de queimada do INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Especiais) com os da temperatura na região de Corumbá, em Mato Grosso do Sul.

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Corumbá está dentro do bioma é o município brasileiro com maior número de focos de fogo desde o início do ano, totalizando 2820 focos até o dia 22 de julho.

No gráfico abaixo pode-se observar que, no começo do mês de julho, quando as temperaturas estavam acima dos 30°C, o número de focos de incêndio foram altos, somando 381 focos apenas nos primeiros 6 dias.

Foto: Climatempo

Queimadas no Pantanal em julho24 x temperatura em Corumbá

Para efeito de comparação, nos 31 dias de julho de 2023, o Pantanal teve 126 focos. Além disso, só nos primeiros 6 dias de julho de 2024, em comparação com os outros meses de julho inteiro, foi batida a marca do segundo julho com mais focos desde 1998, ficando atrás apenas de 2020 com 602 focos.

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Porém, entre os dias 7 ao 16 de julho, uma onda de frio predominou sobre o Mato Grosso do Sul e teve forte atuação na região do Pantanal, causando temperaturas máximas abaixo dos 20°C, aumentando a umidade no ar e até provocando um pouco de chuva. Exatamente neste período, o número de focos de incêndio diminui drasticamente, zerando por vários dias, somando apenas 29 focos em 9 dias. Logo após este período, as temperaturas voltaram a passar dos 30°C e o focos de incêndio voltaram a subir, mas não como no começo do mês.

Chuva segue escassa

Esta breve análise mostra como o clima afeta diretamente o meio ambiente, mas não é o único fator a ser levado em consideração. O Pantanal está em uma situação muito crítica em 2024. 

Em junho, o bioma registrou 2.639 focos, e até então, o junho com mais queimadas tinha sido em 2009, com 815 focos. Em julho, entre os dias 1 e 22 foram 559 focos registrados, ficando atrás apenas de 2020 que teve 1684 no mesmo período.

O cenário futuro é preocupante, pois a chuva vai continuar escassa e, historicamente, os meses de agosto e setembro são os que mais têm queimadas.

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