Capivaras 'loiras': como o calor e o sol intensos vêm alterando cor dos pelos dos animais

Especialista explica que grandes centros, onde temperaturas costumam ser mais altas, favorecem condições para afetar produção de melanina

12 out 2024 - 05h00
Resumo
Em ambientes urbanos com alta exposição solar, capivaras estão sofrendo mudanças na coloração do pelo, ficando 'loiras' devido ao calor e falta de abrigo.
Pelos de capivaras estão sofrendo alterações por conta do calor
Pelos de capivaras estão sofrendo alterações por conta do calor
Foto: Arquivo pessoal/Fernanda Nunes

Um fenômeno curioso tem sido observado em capivaras que habitam ambientes urbanos onde há temperaturas elevadas e maior exposição solar, como São Paulo e Cuiabá (MT). Os animais vêm sofrendo mudanças significativas na coloração de seus pelos, chegando a perder a cor marrom e a ficar "loiros".

Ao Terra, a veterinária Fernanda Battistella Passos Nunes, pesquisadora de animais silvestres, explica que os principais fatores ambientais que afetam a pelagem são as modificações humanas no ambiente, já que as áreas antropizadas (onde há interferência humana) apresentam temperaturas mais altas e indisponibilidade de abrigo contra o sol. Por isso, os animais ficam com uma pelagem mais rala, que facilita a dissipação do calor.

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Em São Paulo, por exemplo, a professora observou capivaras que permanecem em áreas descampadas durante o dia. Segundo ela, estes animais apresentam pelagem mais clara, enquanto aquelas que se abrigam na mata ciliar mantêm a pelagem mais escura. 

"Na minha experiência, no estado de São Paulo, em áreas com ambientes alterados, observamos grupos de capivaras 'loiras' e 'morenas'. Ao longo de mais de 20 anos de observação, notamos que, normalmente, os grupos mais claros são os mais avistados pela população e aqueles que estão mais habituados ao contato humano, enquanto os de coloração mais escura são mais arredios", conta.

Calor em São Paulo na última quarta-feira: uma semana depois, capital pode registrar novo recorde.
Foto: Daniel Teixeira/Estadão / Estadão

Em Cuiabá, onde o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) aponta que não houve chuva durante os três meses de inverno e temperaturas que ultrapassaram os 40°C, o mesmo efeito tem sido observado. A especialista alerta para os riscos da exposição prolongada ao sol para estes animais.

"Pode provocar queimaduras, ressecamento da pele, áreas de alopecia e predisposição a infecções cutâneas", pontua a veterinária.

Além disso, deficiências de nutrientes como o cobre também podem afetar na produção de melanina, responsável pela pigmentação dos pelos.

"A hidratação adequada e uma dieta rica em nutrientes são essenciais para a manutenção de uma pelagem saudável e bem pigmentada", completa Fernanda.

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Pôr do sol em meio ao céu poluído de São Paulo, reflexo do tempo seco e das queimadas que acontecem em todo o Brasil
Foto: ALEX FERNANDES/ATO PRESS
Fonte: Redação Terra
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