Bottas x Russell: quem será o cara da Mercedes F1 em 2022?

Juventude ou experiência? Toto Wolff tem a difícil tarefa de pensar no futuro sem desagradar Lewis Hamilton

31 ago 2021 - 11h43
(atualizado às 12h31)
Russell e Bottas: juventude vs. experiência em decisão para a Mercedes em 2022.
Russell e Bottas: juventude vs. experiência em decisão para a Mercedes em 2022.
Foto: Mercedes / Divulgação

Muito espaço vem sendo ocupado com esta discussão, e o GP da Bélgica acabou por botar mais lenha na fogueira por conta da ótima exibição de George Russell e pela declaração de Toto Wolff de que a decisão de quem seria o companheiro de Lewis Hamilton em 2022 já estava tomada.

Trata-se de uma escolha de várias implicações. Podemos dizer que esta vaga é a mais valiosa neste momento na F1. Afinal, trata-se simplesmente da equipe que venceu as últimas sete temporadas e briga fortemente pela oitava.  Maldosos dizem que não importa quem se sentar, vai andar bem (Nikita Mazepin nos testes de Barcelona em 2019 sempre é lembrado nestas horas).

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George Russell é o famoso caso de “pedir passagem”. O jovem inglês completou 50 GPs e cada vez dá mostras de que a aposta que a Mercedes fez em sua carreira tem valido a pena. Após vencer convencendo na F3 e F2, Russell começou a fazer um esquema de “construção de caráter” na Williams. A equipe estava em uma situação complicada tecnicamente e não deixava de ser uma opção arriscada. Embora não houvesse a pressão, o ‘viés de baixa” era visível e poderia “queimá-lo”.

Mas o inglês fez do limão uma limonada. O primeiro ano acabou sendo de provações. Mas em 2020, com a equipe se aproveitando dos motores Mercedes e de uma recolocação nos eixos do carro, as perspectivas melhoraram. E isso não passou ileso ao paddock. Em corrida, a situação era mais complicada, mas nos treinos, Russell conseguiu colocar a Williams em vários Q2.

É um pássaro? É um avião? Não, é Mazepin testando a Mercedes.
Foto: Mercedes / Divulgação

A prova de fogo veio no Sakir. Com o afastamento de Hamilton por Covid-19, Russell foi convocado por Toto Wolff para assumir o posto, em detrimento dos reservas Stoffel Vandoorne e Esteban Gutierrez. Mesmo com uma série de adaptações (Russell é 12 cm mais alto do que Hamilton), andou forte e, por um erro da equipe, não pode chegar à vitória. Mas deixou uma ótima impressão.

Uma mudança em 2022 seria o momento ideal. Um regulamento novo e seria um jovem com bastante experiência. Sem contar que já significaria uma preparação de troca de guarda. Afinal, Hamilton, ainda em alto nível e de contrato renovado, uma hora vai sair. E a ideia de dois ingleses na equipe atrai Sir Jim Ratcliff, CEO da Ineos e dono de 33% da equipe. Ratcliff é um daqueles britânicos fanáticos e ter o maior piloto da história junto com uma jovem esperança, que se enquadra dentro do arquétipo típico da ilha, seria uma grande realização.

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Entretanto, do outro lado do ringue, temos Valtteri Bottas. O finlandês surgiu anos atrás na Williams e foi apadrinhado por Toto Wolff, que ainda era acionista do time. Desde o início, mostrou ser um piloto rápido e impulsivo. E não foi com certa surpresa que foi escolhido para substituir Nico Rosberg na Mercedes em 2017.

Bottas se mostrou ao longo dos anos um cara de equipe. Tem seus méritos, chegou a andar várias vezes na frente de Hamilton. Mas parece ter captado que não tem como bater seu companheiro de equipe em condições normais. É um piloto que entrega e a Mercedes tem muito o que agradecer a ele nos últimos anos. Embora tenha sobrevivido com a sombra de Ocon e, mais recentemente, o próprio Russell.

Hamilton deixou claro em algumas declarações que, embora respeite a decisão da equipe, gostaria de ter Bottas ao seu lado. Tal postura se explica totalmente. A vinda de Russell seria para ele uma repetição de um quadro que aconteceu em 2007 na McLaren, onde Hamilton era o jovem leão que tinha o que provar. Bottas significaria a estabilidade, a continuidade em um momento que seria crucial, em que os carros mudam completamente. O finlandês conhece o time, os processos e isso pode ser preponderante para se manter na frente. Por isso sua permanência não seria uma decisão difícil de ser defendida.

Esta é a escolha difícil da Mercedes. Renovação ou evolução na continuidade? O certo é que ninguém ficará a pé. Russell, caso não seja escolhido, segue no “mundo Mercedes”, podendo seguir vinculado à Williams. Já Bottas é cotado para a Alfa Romeo no lugar de Raikkonen, que estaria se aposentando ao final do ano, conforme algumas vozes neste final de semana. Voltar para a Williams também é uma possibilidade, até porque a equipe ampliará o uso das soluções alemãs em 2022 e Toto Wolff manteria em “território amigo”.

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Dizem que o anúncio será feito em Monza. O fato é que, qualquer que seja a decisão, ela terá lógica e pode ser aceita. Boa parte do público quer ver o número 63 estampado na Mercedes. Mas a aposta no 77 pode manter a roleta vencedora para a trupe de Toto Wolff nesse cassino da F1, além de deixar Hamilton menos preocupado.

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