Abeifa teve queda de 20,7% e agora sonha com a Ford

Carros importados pelas marcas da Abeifa somaram 27.421 vendas. Pandemia, dólar e instabilidade macroeconômica preocupam setor

14 jan 2021 - 19h06
João Oliveira, presidente da Abeifa: confiança no mercado e portas abertas para a Ford.
João Oliveira, presidente da Abeifa: confiança no mercado e portas abertas para a Ford.
Foto: Sergio Quintanilha / Reprodução

Os veículos importados pelas 15 marcas filiadas à Abeifa tiveram 27.421 unidades vendidas em 2020, uma redução de 20,7% ante as 34.596 unidades do acumulado de 2019. Na produção nacional (31.646) a queda foi de apenas 4,4%. Pela primeira vez, a produção nacional das associadas à Abeifa superou a totalização de veículos importados, que tiveram impacto negativo e direto da taxa cambial, cuja cotação do dólar partiu de R$ 4,15 em janeiro para R$ 5,14 em dezembro, uma alta de 23,8%.

No total, as 15 marcas da Abeifa venderam 59.067 carros em 2020, uma queda de 12,7% em relação a 2019, quando foram comercializadas 67.686 unidades. “Foi um ano extremamente difícil para o setor automobilístico brasileiro”, disse João Henrique Oliveira, presidente da Abeifa. “O impacto da pandemia de Covid-19 a partir da segunda quinzena de março foi devastador.” 

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Ranking das marcas associadas da Abeifa no segmento de importados.
Foto: Abeifa / Reprodução

Durante uma entrevista coletiva, na qual mostrou os números do setor, o presidente da Abeifa afirmou que a entidade está de portas abertas para a entrada da Ford, que deixará de fabricar carros no Brasil, caso a empresa americana tenha interesse. A Ford é filiada da Anfavea (Associação Brasileira dos Fabricantes de Veículos Automotores) e permanecerá nesta situação pelo menos até o final deste ano, pois a Troller manterá sua produção em 2020.

Pelo menos até hoje, não há nenhum associado da Anfavea que não produza. Porém, a Ford tem muita força dentro da Anfavea. João Henrique Oliveira disse também que as Abeifa acredita no mercado brasileiro e que entende o papel das marcas importadoras como complementar a uma indústria robusta e produtiva. “Não acredito que o futuro seja só de importação”, acrescentou Divanildo Albuquerque, vice-presidente da Abeifa.

“Uma base produtiva grande, pujante e forte, complementada com uma indústria que nos conecta com o resto do mundo, é a maneira como o Brasil pode se abrir para um mercado de 7 bilhões de pessoas”, disse João Oliveira.

Licenciamento de carros importados cai com a alta do dólar.
Foto: Abeifa / Reprodução

A Abeira reiterou o pleito ao governo federal de urgente redução da alíquota do imposto de importação, ainda que de forma gradual, fato que poderia reativar números setoriais mais alentadores. “A redução do imposto, hoje de 35%, para 20%, é crucial para manter a viabilidade das operações e para garantir que o Brasil seja de fato inserido no comércio global de automóveis”, disse João Oliveira. “Quanto mais nos isolarmos do mundo mais perderemos competitividade e investimentos no futuro.”

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Para 2021, de acordo com João Henrique Oliveira a Abeifa estima emplacar, entre importados e produção nacional, 68 mil unidades, crescimento de 15% sobre os dados de emplacamentos de 2020. “Em princípio, nossa primeira projeção pode parecer otimista demais, diante das estimativas já anunciadas pela indústria e pelo setor de distribuição, também na casa de 15%. Em nosso caso, porém, o porcentual de crescimento se justifica por conta da demanda reprimida de 2020, ano em que o dólar flutuou, na média, em patamares superiores a R$ 5,00”, argumenta Oliveira. 

Licenciamento de automóveis de comerciais leves.
Foto: Sergio Quintanilha / Reprodução

Ainda na avaliação de Oliveira, “apesar de todas as dificuldades, 2020 ficou marcado como um dos anos mais importantes do setor de importação, desde 1990, por ter trazido e apresentado ao consumidor brasileiro as principais inovações tecnológicas em veículos elétricos e híbridos”. Hoje as marcas da Abeifa já representam 53% do volume de vendas de elétricos e híbridos no mercado brasileiro.

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