Boa parte da primeira entrevista coletiva do técnico Tite, depois de aceitar o convite da CBF para continuar como técnico da equipe, deu dimensão a suas lamentações pela eliminação do Brasil nas quartas de final do Mundial da Rússia, encerrado em julho. Por várias vezes, Tite falou sobre a frustração pela campanha da Seleção, durante encontro com jornalistas nesta sexta, na sede da confederação, no Rio.
Chegou a dizer que ficou mais de 15 dias com insônia e que até hoje acorda de madrugada imaginando que lances determinantes da Copa poderiam ser alterados a favor da Seleção.
Num momento em que falou pausadamente, o técnico revelou uma confidência - que pensou bastante em sua família antes de dar a resposta à CBF. Não queria expor os parentes, uma vez que não tinha ideia muito clara de que como seria a reação pública à participação do Brasil no Mundial.
Tite demonstrou ainda seu sentimento pelo fracasso da Seleção na Copa ao dizer que havia “uma expectativa criada” pela própria comissão técnica de que o Brasil avançaria bem mais na competição. “Só tenho gratidão e reconhecimento aos atletas pelo que fizeram.”
Ele lembrou de uma conversa com o técnico belga, Roberto Martínez, minutos após a vitória da Bélgica sobre o Brasil por 2 a 1, no jogo que marcou a despedida da Seleção da Copa. Mas não quis reproduzi-la, dando a impressão de que o faria a contragosto.
Enfatizou também que os erros na Copa vão servir como aprendizado – preferiu não citá-los. Numa das respostas, ele deixou claro que não se sente seguro no cargo projetando o Mundial do Catar, em 2022.
“Futebol exige constantemente resultado e desempenho. Não me sinto, absolutamente.”
No final, ele voltou a falar sobre seu comportamento e rotina nas últimas semanas:
“Comecei a caminhar na praia às 6 horas depois da Copa porque não tinha ninguém. Aos poucos, passei para 6h15, 6h30.”