O aumento no consumo de bebidas alcoólicas, frequente em períodos festivos, implica riscos específicos para o sistema renal. Segundo a Dra. Daphnne Camaroske, nefrologista, a ingestão excessiva pode desencadear quadros de lesão renal aguda, inclusive em indivíduos sem histórico de doenças prévias nos rins.
A fisiopatologia do dano renal causado pelo álcool ocorre primordialmente por três vias distintas:
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Bloqueio do Hormônio Antidiurético (ADH): O álcool inibe a secreção deste hormônio, resultando em diurese acentuada. A perda rápida de fluidos gera desidratação e reduz a perfusão sanguínea nos rins, comprometendo sua filtragem.
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Rabdomiólise: O consumo exagerado pode provocar a ruptura de fibras musculares. Este processo libera mioglobina na corrente sanguínea, uma proteína que possui toxicidade direta para os túbulos renais.
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Hipovolemia e Hipotensão: A redução do volume sanguíneo, potencializada por quadros de vômito e queda da pressão arterial, diminui o fluxo de sangue que chega aos rins, podendo levar à interrupção abrupta da função renal.
Do ponto de vista clínico, não existe uma dose de álcool isenta de riscos. No entanto, para mitigar danos em órgãos saudáveis, as recomendações sugerem o limite de uma dose diária para mulheres (350 ml de cerveja ou 150 ml de vinho) e duas doses para homens.
A toxicidade está relacionada à concentração de álcool etílico puro. Bebidas destiladas, por apresentarem maior graduação alcoólica, podem acelerar o processo de intoxicação e sobrecarga renal, especialmente se consumidas em curtos intervalos de tempo.
Papel da hidratação e sinais de alerta
A ingestão de água durante o consumo de álcool é necessária para compensar a inibição do ADH e manter a volemia (volume de sangue). A hidratação auxilia o metabolismo hepático e previne a concentração excessiva de solutos no sangue, protegendo o parênquima renal.
Os sintomas de comprometimento renal costumam ser discretos no estágio inicial. Contudo, deve-se buscar assistência médica diante dos seguintes sinais:
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Redução do volume urinário ou alteração na coloração da urina;
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Edemas (inchaços) na face ou membros inferiores;
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Náuseas, vômitos persistentes e sede extrema;
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Dores musculares intensas ou confusão mental.