Ucrânia testa míssil de longo alcance em meio a impasse diplomático sobre encontro com Putin

Segundo Zelensky, este é "atualmente nosso míssil de maior sucesso", e a produção do armamento em larga escala poderia começar em fevereiro

21 ago 2025 - 07h00
(atualizado às 08h27)
Resumo
A Ucrânia testou com sucesso um míssil de longo alcance, enquanto esforços diplomáticos para negociações de paz enfrentam obstáculos, incluindo ataques russos e demandas territoriais conflitantes.
Bombeiro tenta debelar fogo em área residencial atingida por ataques russos na região de Lviv, Ucrânia, em 21 de agosto de 2025.
Bombeiro tenta debelar fogo em área residencial atingida por ataques russos na região de Lviv, Ucrânia, em 21 de agosto de 2025.
Foto: © Reuters/Serviço de emergência da Ucrânia / RFI

A Ucrânia anunciou nesta quinta-feira (21) o teste bem-sucedido de um novo míssil de cruzeiro de longo alcance. A Rússia, por sua vez, disparou 574 drones e 40 mísseis contra o território ucraniano durante a madrugada. Paralelamente, esforços diplomáticos articulam um possível encontro de cúpula entre os presidentes Volodymyr Zelensky e Vladimir Putin, marcado por profundas divergências sobre garantias de segurança e concessões territoriais.

O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, confirmou que a Ucrânia testou com sucesso um míssil de cruzeiro de longo alcance chamado Flamingo, que pode atingir alvos a uma distância de 3.000 quilômetros (1.864 milhas). Segundo Zelensky, este é "atualmente nosso míssil de maior sucesso", e a produção do armamento em larga escala poderia começar em fevereiro de 2026.

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Apesar do aumento dos esforços diplomáticos para a negociação de um cessar-fogo nos últimos dias, a Rússia mantém sua ofensiva contra o país vizinho.

Na madrugada de quarta para quinta-feira (21), as forças russas dispararam 574 drones e 40 mísseis contra diferentes regiões da Ucrânia - o ataque mais amplo desde meados de julho. A região oeste do país foi particularmente visada. Em Lviv, uma pessoa morreu e cerca de dez ficaram feridas.

Em Mukachevo, localizada na região da Transcarpátia, próxima às fronteiras com a Hungria, Polônia, Eslováquia e Romênia, 15 pessoas tiveram de ser hospitalizadas. Nesta cidade, distante da linha de combates e raramente bombardeada, mísseis de cruzeiro russos atingiram uma empresa americana "que fabrica itens de uso diário, como máquinas de café", lamentou Zelensky.

Negociações diplomáticas

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A possibilidade de um encontro entre os líderes ucraniano e russo tem sido um ponto central dos esforços diplomáticos. Zelensky afirmou nesta quinta-feira que só poderia se reunir com Putin depois que a Ucrânia recebesse garantias de segurança concretas. O líder ucraniano mencionou a Suíça, a Áustria ou a Turquia como possíveis locais para este encontro e almeja uma reunião trilateral que incluiria o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

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No início da semana, Zelensky recusou uma proposta de Putin, transmitida por Trump, para um encontro em Moscou.

Pressão sobre Hungria

Zelensky também pediu a Trump que pressione a Hungria para desbloquear as negociações de adesão da Ucrânia à União Europeia. O republicano prometeu estudar a proposta. Em relação às garantias de segurança, Trump indicou na terça-feira que os Estados Unidos estariam prontos para fornecer apoio militar aéreo em caso de acordo de paz, mas excluiu o envio de tropas terrestres. Em relação às concessões territoriais exigidas pela Rússia, Trump instou Zelensky a ser "flexível", especialmente em relação ao Donbass.

O presidente ucraniano também expressou que não deseja que a China desempenhe um papel nas garantias de segurança da Ucrânia, citando o suposto apoio de Pequim a Moscou. Ele argumentou que a China "não nos ajudou a parar esta guerra desde o início" e "ajudou a Rússia ao abrir seu mercado de drones".

Moscou advertiu nesta quarta-feira (20) que qualquer discussão sobre garantias de segurança para a Ucrânia que não considere a posição russa "não levará a lugar nenhum".

As exigências russas para o fim do conflito incluem que a Ucrânia ceda quatro regiões parcialmente ocupadas, além da Crimeia anexada em 2014, e que renuncie à integração na Aliança Atlântica. No entanto, Kiev tem excluído qualquer perda de território.

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Operações militares continuam

Zelensky afirmou que a Rússia está concentrando tropas na parte ocupada da região de Zaporíjia, no sul da Ucrânia, para uma potencial ofensiva, transferindo soldados da região russa de Kursk.

Em outro incidente, a Polônia, um dos principais apoiadores da Ucrânia, relatou na quarta-feira (20) que um drone militar russo entrou em seu espaço aéreo e explodiu em uma área agrícola no leste do país. Varsóvia classificou o evento como uma "provocação".

Após uma reunião virtual entre os chefes de Estado-Maior da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), realizada na quarta-feira, a aliança militar ocidental reafirmou seu apoio à Ucrânia, priorizando uma "paz justa, crível e duradoura". A questão das garantias de segurança e das concessões territoriais permanece no centro dos esforços para encontrar uma solução para o conflito, iniciado há três anos e meio.

(Com AFP)

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