Mercado europeu das drogas segue em constante evolução

4 jun 2015 - 14h15

O mercado das drogas na Europa está em constante evolução, com substâncias cada vez mais puras, com a expansão da maconha, a mutação do tráfico de heroína e novos produtos sintéticos, de acordo com o Observatório Europeu das Drogas e da Toxicodependência (OEDT).

Mais de 80 milhões de pessoas, ou seja, um quarto da população adulta da União Europeia, consomem drogas ilícitas, indica o OEDT em seu relatório anual apresentado nesta quinta-feira em Lisboa e do qual a AFP obteve uma cópia.

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A instituição observa um "aumento significativo" do nível e da pureza das drogas, tanto no THC (princípio ativo) da maconha quanto na MDMA (a substância ativa) nos comprimidos de ecstasy e na pureza da cocaína e heroína.

Este é o resultado da inovação técnica e da concorrência no mercado.

Como exemplo, a produção de cannabis herbácea se intensificou nos últimos anos no continente como resultado de pequenos produtores interessados na qualidade e em razão do interesse das redes criminosas em melhorar a produção para permanecerem competitivas.

O teor médio dos ingredientes ativos da erva duplicou em cinco anos, e os da resina em dez anos.

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A maconha continua sendo a droga mais consumida na Europa. Seu consumo aumenta principalmente na França, na Bulgária e em países nórdicos. Trata-se do produto mais frequentemente citado pelos pacientes europeus que começam um tratamento terapêutico ligado ao consumo.

Também representa 80% das apreensões de drogas.

Em contrapartida, a heroína, o principal opiáceo ilícito consumido na Europa, está em declínio, mas ainda é responsável por grande parte da mortalidade relacionada às drogas, e tem 1,3 milhão de consumidores "problemáticos".

Mas o Observatório manifesta sua preocupação com o recente aumento da produção de ópio no Afeganistão, que fornece a maior parte da heroína que entra na Europa, o que poderia levar a um aumento da disponibilidade no mercado. Além disso, a descoberta de laboratórios de tratamento da heroína na Espanha mostra que o mercado tenta se inovar.

A isto, adiciona-se uma mutação do tráfico de heroína para a Europa. A rota dos Bálcãs ainda é predominante, mas a "rota do sul tem ganhado terreno", com o produto partindo do Irã e Paquistão, e chegando à Europa através dos países da Península Arábica e África.

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O observatório também alerta para novos modos de consumo de risco, como a combinação de opiáceos e de substâncias psicotrópicas, bem como a prática perigosa de "slam" (injeção de metanfetamina com outros estimulantes).

O relatório também expressa preocupação com o crescente número de "novas substâncias psicoativas" (NSP), vendidas como "drogas legais" e muitas vezes utilizadas como substitutos de drogas ilícitas, mas que podem ser mortais. A maioria é importada, mas algumas são agora produzidas em laboratórios clandestinos na Europa.

Em 2014 foram detectadas cem novas substâncias. No total, "detectamos mais de 450 novas substâncias, mais de quatro vezes mais do que há quatro anos", disse o diretor da OEDT, Wolfgang Götz.

O número de "substâncias psicoativas vai continuar a aumentar no futuro com a mesma velocidade que hoje", alerta a organização.

Muitas destas substâncias, assim como as drogas tradicionais, estão disponíveis on-line, lamenta o observatório, que explicou que os traficantes oferecem seus produtos em páginas visíveis, mas também em mercados "criptografados" e mesmo em plataformas menos acessíveis na "deep web" .

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