EUA temem por soldados pela ameaça de queima do Alcorão

7 set 2010 - 15h51
(atualizado às 16h45)

A intenção de um grupo evangélico americano de queimar o Alcorão no dia 11 de setembro provocou severas advertências nesta terça-feira, por lados diversos: tanto Irã quanto o comando das forças internacionais no Afeganistão, que teme pela vida dos soldados americanos mobilizados no país, criticaram a iniciativa.

O Dove World Outreach Center, igreja batista da cidade de Gainesville, Flórida, pretende queimar em público um exemplar do Alcorão no próximo sábado, quando os atentados de 11 de setembro de 2001 completam nove anos.

Se concretizado, o projeto serviria de propaganda para os talibãs no Afeganistão e reforçaria o sentimento anti-americano no mundo muçulmano, advertiu o general David Petraeus, comandante-em-chefe das forças da Otan e das tropas americanas no Afeganistão.

"Estou muito preocupado com a possível repercussão caso queimem um (exemplar do) Corão", destacou Petraeus.

"Isso pode pôr em risco tanto as tropas quanto o esforço global no Afeganistão. É justamente este tipo de ação que os talibãs usam, e isso poderia gerar problemas significativos", acrescentou.

"Levamos a sério as palavras do general", afirmou à rede CNN Terry Jones, pastor da igreja batista de Gainesville.

"Estamos, na verdade, muito, muito preocupados" com as consequências mencionadas por Petraeus, admitiu.

No entanto, o pastor disse que "estamos firmemente determinados, mas rezamos ao mesmo tempo" para que o ato de queima pública do Alcorão não causa problemas.

"Sabemos que esta ação poderia de fato ofender (...) os muçulmanos", argumentou o pastor Jones. "Mas estimamos que a mensagem que tentamos transmitir é muito mais importante do que o fato de que estas pessoas ficarão ofendidas. Acreditamos que não podemos retroceder diante dos perigos do islã".

Por outro lado, o porta-voz da Casa Branca Robert Gibbs declarou nesta terça-feira que a queima do Alcorão "coloca nossas tropas em um caminho perigoso, e qualquer tipo de atividade como esta, que coloque em risco nossas tropas, será uma preocupação para este governo".

O secretário-geral da Otan, Anders Fogh Rasmussen, também condenou a iniciativa, afirmando que representa uma ameaça para os militares mobilizados no Afeganistão.

A queima do Alcorão viola os "valores" da Otan, e "há um risco de que também possa ter um impacto negativo na segurança de nossas tropas" no Afeganistão, insistiu Rasmussen, que está em Washington.

Por outro lado, o Irã alertou que semelhante ato provocaria reações "incontroláveis".

"Aconselhamos os países ocidentais que impeçam a exploração da liberdade de expressão para insultar os livros sagrados; do contrário, os sentimentos que isso provocaria nas nações muçulmanas não poderiam ser controlados", advertiu o porta-voz do ministério dos Assuntos Exteriores iraniano.

Na Indonésia, país com a maior população muçulmana do mundo, a minoria cristã também teme tensões.

A entidade que reúne 20.000 igrejas cristãs protestantes na Indonésia enviou uma carta ao presidente americano, Barack Obama, exortando-o a intervir para resolver o caso.

O Dove World Outreach Center, criado em 1986, acusa o islã de ser uma "religião diabólica" e de querer dominar o mundo.

bur-sak/ap

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