Direita desponta como grande vencedora das eleições israelenses

18 jan 2013 - 19h55
(atualizado às 20h29)

Benjamin Netanyahu parte com todas as forças para bater um recorde, tornar-se primeiro-ministro de Israel pela terceira vez, após as eleições menos apertadas da história recente do país, marcadas pela esperada vitória da direita, a ascensão dos extremistas e a fragmentação do centro. Até 34 partidos disputarão na próxima terça-feira (22 de janeiro) os 120 assentos do Parlamento (Knesset) por meio de um sistema de voto que garante a representatividade da diversidade social do país, mas fragmenta a câmara e obriga a formação de coalizões.

Ficam de fora do Parlamento, que depois elege o primeiro-ministro, as formações que obtenham menos de 2% dos votos. Israel conta com dois grandes partidos históricos: o Likud e o Trabalhista, que representam respectivamente a direita e a esquerda, marcadas mais por suas posições sobre a paz com os palestinos do que por modelos socioeconômicos.

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O Likud, liderado por Netanyahu, concorre nesta ocasião ao lado do partido Yisrael Beiteinu, formação nacionalista criada pelo ex-ministro das Relações Exteriores, Avigdor Lieberman, número dois na lista e que está com o futuro em suspenso por um julgamento de fraude e abuso de poder.

Segundo as pesquisas, os dois partidos obterão nas eleições, anunciada de surpresa em outubro, menos deputados (34) do que conseguiram separadamente em 2009 (42 somando as duas legendas). Isso se deve ao fato de suas respectivas bases sociais não verem a aliança com bons olhos e apoiarem a grande revelação das enquetes: a formação de extrema direita HaBait Hayehudi.

O partido, que representa o nacionalismo religioso mais radical e o movimento dos colonos, subiu nas pesquisas de forma meteórica, impulsionado principalmente pelo carisma de seu novo líder, Naftali Bennett, um bem-sucedido empresário e comandante na reserva de uma unidade de elite.

O programa de humor na política mais popular do país, "Eretz Nehederet", ironizou sua figura, definindo ele como um líder ultradireitista sem barba e o "olhar de fanático" mas com a mesma ideologia.

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O partido, que tem como lema "Algo novo começa", defende a anexação de dois terços do território ocupado da Cisjordânia e rejeita totalmente negociar a paz com os palestinos.

Em entrevista durante a campanha, Bennett revelou que por motivos de consciência não cumpriria como militar uma ordem de evacuação de um assentamento judaico, apesar de ter deixado claro que não estava incentivando os soldados a seguirem este exemplo.

Netanyahu atacou o líder com dureza mas Bennett saiu mais forte da polêmica e já tem quase 16 cadeiras. O mais seguro, no entanto, é que ambos os partidos compartilhem o Executivo, já que as legendas de direita e ultra-ortodoxas somam cerca de 66 vagas, contra 54 das formações de centro, esquerda e árabes, de acordo com as pesquisas.

O Trabalhista, com 16 ou 17 deputados, concorre com o Habait Hayehudi pelo posto de segunda força política e é liderado pela ex-jornalista Shely Yajimovich, que faz campanha em torno de temas socioeconômicos em detrimento da paz com os palestinos.

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Sua estratégia não deu os frutos desejados (perde um deputado por semana nas últimas pesquisas) e no início do mês, para interromper a queda que sua indefinição provocou, Shely disse que não governará com Netanyahu.

A líder trabalhista tentou criar um bloco anti-Netanyahu com dois partidos de centro que oscilam entre oito e 11 cadeiras, o Hatnua, da ex-ministra das Relações Exteriores Tzipi Livni, e o Yesh Atid, do popular apresentador de televisão Yair Lapid, mas a tentativa fracassou.

Tanto Tzipi como Lapid deram a entender que poderiam integrar o Executivo de coalizão de Netanyahu, no qual também deverá estar presente mais dois partidos ultra-ortodoxos, o sefardita Shas e o asquenaze Judaísmo Unido da Torá, que conseguiriam 10 e entre cinco e seis cadeiras, respectivamente.

Se passarem da barreira dos 2%, também poderiam entrar na coalizão o Kadima (a força mais votada em 2009, com 28 assentos) e o partido mais à direita do mapa político, o Otzma leIsrael.

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Uma das poucas alegrias para a esquerda é a esperada ascensão do Meretz, com sua posição sionista pró-paz, que poderia crescer de três para seis cadeiras graças aos votos dos cidadãos decepcionados com o abandono da questão palestina pelos trabalhistas.

Já o Hadash, a formação judeu-árabe formada pelo Partido Comunista, manteria suas quatro vagas ou perderia uma, em parte pela aparição do Dam, nova formação de perfil similar e liderada por uma mulher, Asma Agbariya, que dificilmente entrará no Parlamento mas que está dividindo os votos desta base eleitoral.

E a Lista Árabe Unida-Taal e Balad, os dois partidos formados por palestinos com cidadania israelense (um quinto da população do país), voltaria a somar sete deputados, segundo as enquetes.

  
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