Clarín luta para evitar aplicação da lei da mídia na Argentina

6 dez 2012 - 22h07
(atualizado às 22h36)

O grupo Clarín lutava nesta quinta-feira para adiar a aplicação da lei da mídia na Argentina, que entrará em vigor nesta sexta-feira, em mais um capítulo da queda de braço entre a presidente argentina, Cristina Kirchner, e o poderoso conglomerado de imprensa. O Clarín considera que a lei não pode ser aplicada até que um juiz se pronuncie sobre sua constitucionalidade, enquanto o governo afirma que a Suprema Corte fixou o prazo para sua entrada em vigor em 7 de dezembro.

O ministro da Justiça, Julio Alak, afirmou que qualquer juiz que questionar a decisão do governo e prorrogar a medida cautelar contra a norma "estará se rebelando contra a lei, a Nação e a vontade popular". O Clarín reagiu, afirmando que "mais uma vez o ministro voltou a usar os microfones para ameaçar o Poder Judiciário e lançar mentiras contra o grupo".

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O Clarín tem 41% do mercado de rádio, 38% da TV aberta e 59% da TV a cabo, enquanto o máximo em todos os casos é de 35%, explicou na quarta-feira o titular da autoridade reguladora audiovisual, Martín Sabbatella, sobre a lei aprovada em 2009. O grupo rejeita a cláusula de venda de bens e licenças audiovisuais por considerar que a lei atenta contra a propriedade privada e a liberdade de expressão.

Sabbatella disse que até o momento "há quase 19 grupos e meio sobre o total de 20 que querem cumprir a lei, e o meio diz que não cumprirá", em referência ao Fundo Fintech Advisory, que possuiu 40% da Cablevisión (a maior empresa de TV a cabo da Argentina), controlada pelo Clarín. A Cablevisión, uma das empresas mais poderosas do grupo, tem mais de 3,3 milhões de clientes distribuídos entre Argentina, Uruguai e Paraguai. Na Argentina está presente em 96 cidades e 12 províncias.

Segundo Sabbatella, o grupo Clarín "pode ter 24 licenças de TV a cabo e hoje tem 237". Em rádios, "não pode ter mais de três licenças em uma cidade e hoje tem esse problema em 37 centros urbanos". "Há uma batalha judicial sobre a constitucionalidade ou a inconstitucionalidade da lei. Outra batalha é pelo sentido geral da lei e na Argentina a informação está muito concentrada, é preciso democratizá-la. A grande maioria da população e uma enorme maioria dos deputados aprovaram isto", disse Luis Alberto Quevedo, diretor do programa de Comunicação Flacso.

Além de meios gráficos e audiovisuais, o grupo é um dos donos da Papel Prensa, única empresa de insumo para jornais, assim como de produtoras de TV e cinema, sites de internet, telecomunicações, feiras e exposições. Os radicais, segundo partido no Congresso, colocaram lenha na fogueira nesta quinta-feira ao pedir o julgamento político de Alak e uma ação penal contra o ministro por promover uma "ofensiva" contra os membros da Câmara Civil e Comercial Federal, que o governo critica por supostamente favorecer os grupos de mídia.

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Uma delegação da Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP) chega nesta sexta-feira a Buenos Aires para verificar e analisar a situação.

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