Reunião com enviados dos EUA foi 'útil', diz Putin; Moscou quer 'fim da guerra' na Ucrânia, afirma Trump

O presidente russo, Vladimir Putin, declarou nesta quinta-feira (4) que a reunião em Moscou com os emissários americanos Steve Witkoff e Jared Kushner, na terça-feira (2), foi "muito útil". Citado pela agência RIA, Putin disse que a discussão se concentrou nas propostas discutidas com o presidente americano, Donald Trump, durante a cúpula realizada no Alasca, em agosto.

4 dez 2025 - 07h15

A reunião durou cinco horas. Em comunicado, o Kremlin afirmou na terça que "nenhum compromisso" foi obtido sobre a cessão dos territórios ocupados pela Ucrânia, um dos pontos mais polêmicos do plano apresentado pelos EUA para encerrar a guerra.

Para Moscou, Kiev deve ceder em sua totalidade a região de Donetsk. As tropas russas ocupam amplas áreas de Donetsk e Lugansk, no leste da Ucrânia, assim como partes de Kherson e Zaporíjia, no sul, mas não controlam a totalidade desses territórios.

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A Rússia também espera que os americanos apoiem sua exigência de manter a Ucrânia fora da Otan, a aliança militar ocidental. Os russos acusam os europeus de dificultar as negociações para acabar com o conflito, e de "impedir" os esforços de paz.

"Essa questão é muito importante para Vladimir Putin, que exclui a presença de tropas estrangeiras no território ucraniano", diz Igor Delanoë, pesquisador associado ao Instituto de Relações Internacionais e Estratégicas (Iris), em entrevista à rádio Franceinfo.

Nesta quarta, Trump afirmou que Putin queria "pôr fim à guerra" e acrescentou que a reunião em Moscou entre o presidente russo e seu emissário Steve Witkoff foi "excelente".

Witkoff deve se encontrar novamente nesta quinta com o negociador ucraniano Rustem Umerov, perto de Miami, na Flórida, e estará acompanhado pelo genro de Trump, Jared Kushner. "Qual será o resultado desse encontro? Não posso dizer", disse o presidente republicano.

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Witkoff e Kushner estiveram na terça em Moscou para conversar com Putin. Eles tiveram "a impressão" de que o presidente russo "queria pôr fim à guerra", declarou Trump a jornalistas na quarta, sem dar detalhes sobre a sequência das negociações.

Proposta foi reformulada

O conselheiro diplomático de Putin, Yuri Ushakov, afirmou que os recentes "sucessos" militares russos "influenciaram o desenrolar" da reunião na terça, em referência à tomada reivindicada por Moscou da cidade ucraniana estratégica de Pokrovsk, no leste. Kiev alega que soldados ucranianos ainda resistem na zona sul da cidade.

Washington tentou, há duas semanas, sem sucesso, obter a aprovação do plano para encerrar a guerra iniciada pela invasão russa à Ucrânia, em fevereiro de 2022. A proposta americana foi reformulada após reuniões com os ucranianos.

O porta-voz da presidência russa, Dmitri Peskov, afirmou que Moscou está disposto a se reunir "quantas vezes for necessário" com autoridades americanas para encontrar uma saída para a guerra. "Não temos a intenção de entrar em guerra contra a Europa, mas, se a Europa quiser e começar, estamos prontos desde já", declarou. 

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Pressão

Durante reunião na quarta-feira, em Bruxelas, com a presença do negociador ucraniano Umerov, vários países da Otan, incluindo Noruega, Polônia e Alemanha, anunciaram que vão adquirir cerca de € 1 bilhão em armas americanas para a Ucrânia.

O secretário-geral da Aliança, Mark Rutte, afirmou que a Otan deve garantir que "a Ucrânia esteja na posição mais forte possível para continuar o combate". "As negociações devem vir acompanhadas de pressão sobre a Rússia", reiterou na quarta-feira o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, em mensagem em vídeo.

A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, apresentou nesta quarta, em Bruxelas, o plano do bloco para financiar a Ucrânia por dois anos e "colocá-la em posição de força" nas discussões.

Com agências

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