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Faltou-lhe coragem, mas Francisco não é cúmplice da ditadura, diz Nobel da Paz

Adolfo Pérez Esquivel espera que o Papa trabalhe pela “justiça e pela paz para além das pressões e dos interesses das potências mundiais”

14 mar 2013 - 17h53
(atualizado às 18h07)
Adolfo Perez Esquivel, ativista argentino e Prêmio Nobel da Paz de 1980, durante conferência em Paris, em 2006
Adolfo Perez Esquivel, ativista argentino e Prêmio Nobel da Paz de 1980, durante conferência em Paris, em 2006
Foto: AFP

Desde sua eleição para a liderança do Vaticano e da Igreja Católica na noite dessa quarta-feira, o mundo começa a conhecer e buscar informações sobre Jorge Mario Borgoglio, o papa Francisco. Ao perfil de homem simples e humilde, todavia, agregam-se também relatos sobre sua suposta cumplicidade com o regime de ditadura que imperou na Argentina de 1966 a 1973.

Em uma carta publicada depois do anúncio da sacada da Basílica de São Pedro, o ativista argentino e detentor do Prêmio Nobel da Paz de 1980, Adolfo Pérez Esquivel, aborda a questão. No texto disponível em seu site, em que congratula Borgoglio pela eleição, Esquivel defende que o Papa não colaborou com o regime militar argentino, mas acredita que lhe tenha faltado “coragem” para acompanhar a luta pelos direitos humanos durante o período em que, estima-se, 30 mil pessoas morreram ou desapareceram.

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“Não considero que Jorge Bergoglio tenha sido cúmplice da ditadura, mas creio que lhe faltou coragem para acompanhar nossa luta pelos direitos humanos nos momentos mais difíceis”, resume Esquivel.

Em um parágrafo especialmente dedicado à questão, ele diz esperar que o novo Papa “tenha coragem para defender os direitos dos povos perante os poderosos sem repetir os graves erros, e também os pecados, da Igreja”. Ele afirma que, “durante a última ditadura argentina, os integrantes da Igreja Católica não tiveram atitudes homogêneas” e que “é indiscutível que houve cumplicidades de boa parte da hierarquia eclesiástica no genocídio perpetrado contra o povo argentino.”

Esquivel completa afirmando que, “ainda que muitos com ‘excesso de prudência’ atuaram silenciosamente para libertar os perseguidos (pelo governo), foram poucos os pastores que com coragem de decisão e coragem assumiram nossa luta pelos direitos humanos durante a ditadura militar”.

À parte sua crítica pela postura de Bergoglio durante a ditadura, o ativista parabeniza o cardeal pela eleição e por sua escolha da Francisco. Ele diz esperar que o Papa possa trabalhar pela “justiça e pela paz para além das pressões e dos interesses das potências mundiais”, bem como “deixar de lado a desconfiança do Vaticano em relação ao protagonismo dos povos em sua (própria) libertação).”

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Fonte: Terra
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