A Polônia reintroduziu, à meia-noite de domingo (6), controles nas fronteiras com a Alemanha e a Lituânia para conter o fluxo de imigração ilegal. O assunto tem sido um dos principais temas do debate político no país desde a campanha para a eleição presidencial de 1º de junho.
Com nossa correspondente em Vilnius, Marielle Vitureau
O pleito foi vencido por Karol Nawrocki, apoiado pela oposição nacionalista populista, contra o pró-europeu Rafał Trzaskowski, aliado de Donald Tusk.
"Essa decisão foi tomada para combater a imigração ilegal", declarou na noite de domingo Tomasz Siemoniak, ministro do Interior da Polônia. A medida, diz, "não é, de forma alguma", dirigida contra cidadãos de outros países da União Europeia, nem contra os próprios poloneses.
No total, foram instalados 52 pontos de controle na fronteira com a Alemanha e 13 na fronteira com a Lituânia, disse o ministro. Os controles serão restabelecidos por 30 dias, de 7 de julho a 5 de agosto, mas poderão ser prorrogados após esse período.
Segundo os guardas de fronteira poloneses, a fiscalização será realizada de forma aleatória e se concentrará principalmente em veículos que possam transportar vários passageiros.
A Polônia acusa Berlim de devolver ao seu território migrantes que desejam solicitar asilo na Alemanha. "Há cerca de um mês, a prática na fronteira mudou claramente", declarou na terça-feira o primeiro-ministro polonês, Donald Tusk, ao anunciar os controles.
"Ao contrário dos últimos dez anos, o lado alemão agora se recusa a permitir a entrada em seu território de migrantes que se dirigem à Alemanha para, por exemplo, pedir asilo ou obter outro tipo de direito de permanência", disse. Segundo ele, a decisão de Berlim também gerou "tensões".
Situação na Lituânia
Segundo Mantautas Sulskus, chefe da associação de ajuda a migrantes Sienos Grupė, na Lituânia, "nos últimos seis meses, os guardas de fronteira recusaram a entrada de 917 pessoas, o mesmo número de todo o ano de 2024."
De janeiro a junho de 2025, 352 migrantes vindos da Letônia e da Lituânia e 31 traficantes de pessoas foram detidos por autoridades lituanas e polonesas. Na fronteira entre a Letônia e Belarus, a situação é tensa e tudo está sendo feito para impedir a passagem de migrantes.
"A Lituânia tem 600 quilômetros de fronteira e, em toda a extensão, exceto em pântanos e rios, há cercas com arame farpado e câmeras de vigilância ao longo de todo o trajeto", explica ainda Sulskus.
Letônia e Lituânia responderam com regimes especiais para impedir que migrantes apresentem pedidos de asilo e para devolvê-los. No entanto, esses países estão atualmente sendo julgados pela Corte Europeia dos Direitos Humanos (CEDH) por essas expulsões ilegais.
"Pingue-pongue"
Os controles na fronteira lituana foram instaurados para conter a migração que, segundo Varsóvia, é organizada por Moscou e Minsk. O fluxo agora passa por Belarus, Letônia, Lituânia e, em seguida, pela Polônia.
A oposição nacionalista e a extrema direita acusam o governo de Donald Tusk de ter "abdicado" diante da Alemanha na questão migratória, permitindo que Berlim sobrecarregue a Polônia com migrantes.
No fim de junho, membros de um "Movimento de Defesa das Fronteiras", de extrema direita, instalaram em vários pontos da fronteira "patrulhas cidadãs" para controlar as passagens.
O governo destacou o caráter ilegal dessas ações. Diante do receio de que os serviços alemães e poloneses entrem em um embate com os solicitantes de asilo, o Ministério do Interior da Alemanha tentou tranquilizar a população na semana passada, afirmando que está em contato com a parte polonesa.
"Faremos todo o possível para encontrar uma boa solução, uma solução comum", declarou o ministro, que também propôs aos poloneses "realizarem controles fronteiriços conjuntos no futuro". Varsóvia, no entanto, já rejeitou essa ideia na semana passada.
(Com informações da AFP)