Ao todo, 653 drones e 51 mísseis atingiram a Ucrânia durante a noite, informou a Força Aérea. Esses ataques ocorreram enquanto negociadores ucranianos e americanos se reuniam na Flórida para o terceiro dia consecutivo de negociações sobre o plano de paz de Washington, que visa encerrar quase quatro anos de guerra com a Rússia.
As forças de Moscou continuam avançando nas linhas de frente e realizando bombardeios noturnos.
Mísseis e drones russos atingiram um centro ferroviário perto de Kiev, danificando sua infraestrutura, segundo a agência Ukrzaliznytsia. De acordo com os militares ucranianos, foram lançados 653 drones e 51 mísseis, dos quais 585 drones e 30 mísseis foram abatidos.
A Rússia intensificou seus ataques à infraestrutura energética nas últimas semanas, mirando usinas e entroncamentos ferroviários. A empresa ferroviária anunciou no Telegram o cancelamento de vários trens regionais perto de Kiev e da cidade de Chernihiv, no nordeste do país.
"A Rússia continua ignorando os esforços de paz e, em vez disso, ataca infraestruturas civis críticas, incluindo nossos sistemas de energia e ferroviários", declarou o ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Andriy Sybiha, no X.
"Isso demonstra que as decisões que fortalecem a Ucrânia e aumentam a pressão sobre a Rússia não podem esperar. E certamente não sob o pretexto do processo de paz," disse Sybiha.
Ataques também atingiram a infraestrutura energética nas regiões de Chernihiv, Zaporíjia, Lviv e Dnipropetrovsk, segundo o Ministério do Desenvolvimento das Comunidades e Territórios da Ucrânia. "Trabalhos emergenciais de reparo já estão em andamento onde as condições de segurança permitem. As empresas fornecedoras estão fazendo todo o possível para restabelecer a energia para todos os clientes o mais rápido possível", informou o ministério no Telegram.
Maior usina nuclear da Europa fica sem energia
A usina nuclear de Zaporíjia ficou temporariamente sem energia externa durante a noite de sexta para sábado, informou a AIEA, citando seu diretor-geral, Rafael Grossi.
A usina, a maior da Europa, está sob controle russo desde março de 2022. Embora não produza eletricidade, depende de energia externa para resfriar materiais nucleares.
Após uma interrupção de 30 minutos, ela foi reconectada a uma linha de transmissão de 330 kV. Uma linha de 750 kV também foi religada, segundo a administração russa da usina. Os níveis de radiação permanecem dentro da normalidade.
A AIEA atribuiu a interrupção a atividades militares que afetaram a rede elétrica ucraniana, forçando outras usinas nucleares a reduzirem sua produção.
Drone danifica proteção de Chernobyl
Na sexta-feira (5), a AIEA confirmou que o arco de proteção que cobre o reator danificado da usina nuclear de Chernobyl não é mais capaz de desempenhar sua função devido a danos causados por um drone.
Enquanto isso, sirenes de alerta soaram, neste sábado, na região de Lublin, no leste da Polônia, na fronteira com a Ucrânia, segundo a rádio RMF FM. A emissora citou o prefeito de Lubartów, que afirmou que os sistemas foram ativados devido à situação na Ucrânia.
A Polônia mobilizou caças em resposta aos ataques, mas não houve violação do espaço aéreo polonês, informou o Comando Operacional das Forças Armadas.
Negociações entre Estados Unidos e Ucrânia
As negociações continuam entre Estados Unidos e Ucrânia para chegar a um acordo de paz com a Rússia. Enviados americanos e ucranianos afirmam que "qualquer progresso real depende da disposição da Rússia em assumir um compromisso sério com uma paz duradoura".
Desde quinta-feira (4), os dois países negociam na Flórida o plano de paz apresentado por Donald Trump.
Do lado americano, participam o enviado Steve Witkoff e Jared Kushner, genro do presidente. Ambos retornaram recentemente de Moscou, onde se encontraram com Vladimir Putin.
Do lado ucraniano, o negociador-chefe Rustem Umerov está acompanhado pelo chefe do Estado-Maior das Forças Armadas da Ucrânia.
A apresentação dos resultados da reunião em Moscou está na agenda das negociações, enquanto os ucranianos insistem que a independência e a soberania do país são prioridade absoluta.
Com AFP