Os Estados Unidos têm pressionado outros países para remover a "defesa da integridade territorial da Ucrânia" e o termo "agressão" da resolução anual das Nações Unidas sobre a nação do leste europeu em conflito, informou nesta terça-feira (10) o Kyiv Post.
Segundo fontes diplomáticas citadas pelo jornal, o governo de Donald Trump estaria tentando reformular o texto para um termo mais amplo, como "guerra na Ucrânia", sem mencionar a "integridade territorial" do país ou as "agressões" sofridas por sua população desde a invasão russa em fevereiro de 2022.
O portal ucraniano também relata que os parceiros ocidentais de Volodymyr Zelensky temem, em privado, que a medida possa diluir a condenação anual mais consistente da ONU à invasão de Moscou, além de prejudicar o consenso bipartidário de 2014, referente à anexação da Crimeia pelo Kremlin.
"Este é mais um exemplo de Washington se distanciando dos interesses fundamentais da Ucrânia em um momento diplomático crítico", disse um enviado europeu ao Kyiv Post, antes de acrescentar: "Se a linguagem mudar, a mensagem para Moscou é que os EUA não estão mais liderando a defesa da ordem internacional." Todos os anos, o país invadido apresenta à Terceira Comissão da Assembleia Geral das Nações Unidas a resolução intitulada "A Situação dos Direitos Humanos nos Territórios Temporariamente Ocupados da Ucrânia, incluindo a República Autônoma da Crimeia e a Cidade de Sebastopol". Há anos, Kiev considera o documento na ONU um pilar diplomático de apoio internacional à soberania do país.
Somente em 2016, documentos oficiais da ONU reconheceram pela primeira vez a Rússia como "potência ocupante" e as regiões da Crimeia e de Sebastopol como "territórios temporariamente ocupados".
A resolução subsequente confirmou a unidade e a integridade territorial da Ucrânia dentro de suas fronteiras, condenando a anexação ilegal realizada em 2014.
Já o texto adotado em dezembro de 2024, como lembra o Ukrainska Pravda, foi a primeira resolução da ONU em que a Assembleia Geral definiu a invasão das tropas de Vladimir Putin como uma "guerra de agressão contra a Ucrânia".
Moscou, que desde o início do confronto conquistou um quinto do território ucraniano, incluindo regiões importantes como Donestk, Luhansk, Kherson e Zaporizhzhia, tem buscado ocupar novas áreas.
Hoje, as Forças de Defesa do sul da Ucrânia anunciaram a retirada de seus militares de cinco localidades de Zaporizhzhia, devido "à intensificação dos ataques russos" e como forma "de proteger seus soldados". "Em Zaporizhzhia, intensos combates têm ocorrido há vários dias, sendo registrados até 100 confrontos", informou a imprensa local, acrescentando que o Exército de Zelensky já se retirou de áreas próximas a Novouspenivske, Novye, Okhotnyche, Uspenivka e Novomykolaivka.