EUA apuram vazamento de documentos sigilosos sobre guerra na Ucrânia

Os documentos trariam detalhes da ajuda militar dos EUA e da Otan à Ucrânia em guerra

8 abr 2023 - 09h36
(atualizado às 12h15)
Foto: DW / Deutsche Welle

Documentos secretos do Pentágono sobre ajuda militar à Ucrânia foram publicados em redes sociais. Autoridades americanas dizem que ofícios teriam sido alterados. Kiev acusa "operação de desinformação russa". O Departamento de Justiça dos Estados Unidos iniciou uma investigação para apurar o vazamento de documentos sigilosos do Pentágono em redes sociais. Os documentos trariam detalhes da ajuda militar dos EUA e da Otan à Ucrânia em guerra.

Segundo autoridades americanas, os documentos teriam sido alterados ou usados como parte de uma campanha de desinformação.

Publicidade

"Estamos em comunicação com o Departamento de Defesa em relação a esse assunto e iniciamos uma investigação", afirmou um porta-voz do Departamento de Justiça na sexta-feira, 7.

A porta-voz do Pentágono Sabrina Singh afirmou também que uma análise interna está sendo realizada.

Sob condição de anonimato, três autoridades americanas afirmaram à agência de notícias Reuters que, por trás do vazamento, provavelmente estaria a Rússia ou elementos pró-Rússia.

O que se sabe sobre os documentos vazados

Os documentos estão rotulados como sigilosos e têm datas que variam de 23 de fevereiro de 2023 a 1º de março de 2023. Eles parecem detalhar entregas de armas e outros equipamentos à Ucrânia com cronogramas mais precisos do que aqueles que os EUA costumam divulgar publicamente.

Publicidade

Contudo, autoridades americanas ouvidas pela Reuters disseram que os documentos parecem ter sido alterados para reduzir o número de mortos entre os russos, de acordo com uma avaliação informal dessas fontes, independente da investigação oficial sobre o vazamento. Tal alteração reforçaria a possível participação de russos no vazamento.

Um dos documentos publicado em rede social diz que entre 16.000 e 17.500 russos morreram desde a invasão da Ucrânia por Moscou em 24 de fevereiro de 2022. Os EUA, por sua vez, já informaram anteriormente um número de cerca de 200.000 russos mortos e feridos.

A reação da Ucrânia

Autoridades ucranianas minimizaram a ideia de que inteligência militar tenha sido comprometida com o vazamento.

"É muito importante lembrar que, nas últimas décadas, as operações mais bem-sucedidas dos serviços especiais da Rússia ocorreram no Photoshop", afirmou Andriy Yusov, porta-voz do diretório de inteligência militar da Ucrânia, em entrevista na televisão ucraniana.

"A partir de uma análise preliminar desses materiais, vemos números falsos e distorcidos sobre perdas de ambos os lados, com parte das informações coletada de fontes abertas."

Publicidade

O assessor presidencial ucraniano Mykhailo Podolyak disse que os documentos contêm "uma grande quantidade de informações fictícias" e se assemelham a "uma operação de desinformação russa para semear dúvidas sobre a contraofensiva planejada da Ucrânia".

Ao mesmo tempo, o gabinete do presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, divulgou um comunicado na sexta-feira sobre uma reunião que ele teve com seu alto escalão militar, observando que "os participantes do encontro se concentraram em medidas para evitar o vazamento de informações sobre os planos das forças de defesa da Ucrânia".

(AP, Reuters, DPA)

A Deutsche Welle é a emissora internacional da Alemanha e produz jornalismo independente em 30 idiomas.
Curtiu? Fique por dentro das principais notícias através do nosso ZAP
Inscreva-se