Em meio à maior seca em 50 anos, Irã aposta em semeadura de nuvens; prática é usada nos Emirados Árabes

O Irã iniciou neste fim de semana operações de semeadura de nuvens para provocar chuvas em meio à pior seca em meio século. O primeiro voo ocorreu sobre o lago de Urmia, que encolheu drasticamente. Apesar de precipitações 89% abaixo da média histórica, fortes chuvas foram registradas em cidades do oeste e noroeste, causando inundações, e neve caiu no maciço de Alborz. Autoridades alertam que, sem chuvas antes do inverno, até Teerã poderia ser evacuada.

16 nov 2025 - 14h48

As autoridades iranianas lançaram neste fim de semana operações de semeadura de nuvens para tentar provocar chuvas, em meio a uma das piores secas que o país enfrenta em décadas, segundo a imprensa estatal.

Nuvens sobre a cadeia de montanhas Elborz, no Irã (imagem ilustrativa).
Nuvens sobre a cadeia de montanhas Elborz, no Irã (imagem ilustrativa).
Foto: AFP - YASSER AL-ZAYYAT / RFI

No sábado (15), um voo foi realizado sobre o lago de Urmia, o maior do Irã, localizado no noroeste, que encolheu drasticamente devido à falta de chuvas. A agência oficial Irna informou que novas operações devem ocorrer nas províncias do Azerbaijão Oriental e Ocidental.

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A técnica consiste em pulverizar partículas — geralmente iodeto de prata — nas nuvens para estimular precipitações. No ano passado, o Irã anunciou ter desenvolvido sua própria tecnologia para esse processo.

O país, de clima predominantemente árido, sofre há anos com secas recorrentes e ondas de calor que tendem a se agravar com o avanço das mudanças climáticas. Segundo a Irna, o Irã vive atualmente o "outono mais seco em 50 anos". O serviço meteorológico nacional calcula que as chuvas estão 89% abaixo da média de longo prazo.

Precipitações mais baixas em 100 anos

Apesar disso, no sábado foram registradas chuvas em várias localidades do oeste e noroeste. Vídeos divulgados por mídias locais mostraram fortes precipitações em Ahvaz e Shoushtar (sudoeste), Salmas e Urmia (noroeste) e Abdanan (oeste). Em alguns pontos, as chuvas intensas provocaram inundações.

Os meios de comunicação também mostraram as primeiras nevascas no maciço de Alborz e na estação de esqui de Tochal, ao norte de Teerã.

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Autoridades locais afirmam que as precipitações na capital não eram tão baixas há um século e que metade das províncias iranianas não recebe chuva há meses. Os reservatórios que abastecem diversas regiões atingiram níveis historicamente baixos.

No início de novembro, o presidente Massoud Pezeshkian chegou a alertar que, sem chuvas antes do inverno, Teerã poderia ser evacuada. O governo depois esclareceu que a declaração buscava apenas chamar atenção para a gravidade da crise hídrica.

Além do Irã, outros países da região, como os Emirados Árabes Unidos, também recorrem à semeadura de nuvens para produzir artificialmente chuvas.

RFI com AFP

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