A invasão do Afeganistão pela União Soviética, em 1979, foi a responsável pelo início de mais de três décadas de conflito no país.
Em dezembro daquele ano, Moscou deslocou a frente da Guerra Fria ao invadir o Afeganistão, um país pobre, atrasado e montanhoso na fronteira entre o sul da Ásia e o Oriente Médio. Apoiados pelo Ocidente, especialmente pelos Estados Unidos, os resistentes afegãos atacaram o Exército Vermelho,q eu acabou deixando o país em 1989.
Três anos mais tarde, a queda do governo comunista de Najibullah Ahmadzai deu início a uma sangrenta guerra civil entre facções afegãs, que deixaram, em dois anos, cerca de 100 mil mortos, e destruiram grande parte da capital, Cabul.
Em 1994, os talibãs, combatentes fundamentalistas islâmicos apoiados pelo Paquiestão avançaram no sul do país e tomaram a capital, insturando um regime fundado na interpretação rigorosa da lei islâmica que proíbe, entre outras coisas, a música, o entretenimento e a educação e o trabalho das mulheres, que se tornaram obrigadas a cobrir totalmente o corpo.
Após ser punido pela ONU, o regime talibã, então liderado pelo mulá Omar, se aproximou da Al-Qaeda e acolheu o chefe do grupo, Osama Bin Laden.
O grupo foi finalmente derrubado durante uma operação realizada em represália aos atentados de 11 de setembro, e Hamid Karzai assumiu a presidência do país afegão. Para ajudar o governo a garantir a segurança logo após a liquidação dos talibãs, Washington e seus aliados injetaram bilhões de dólares para reconstruir o Afeganistão e enviaram ao país até 150 mil soldados.
Acuados, membros do grupo extremista fugiram para países vizinhos, especialmente o Paquistão, antes antes de lançar a rebeleião contra Cabul e Otan.
Contudo, em 2009, a fraude generalizada e a baixa participação - 30-33%, segundo a ONU - atingiram a reeleição de Karzai, marcada pela violência, principalmente dos talibãs, que haviam novamente ganhado espaço e rejeitado os apelos à paz do presidiente, considerado uma marionete do Ocidente.
Apesar das denúncias de fraude em massa, Karzai obteve 49,7% dos votos no primeiro turno, à frente de seu ex-ministro Abdullah Abdullah (30,6%), permanecendo na liderança do Afeganistão até hoje.
As eleições presidenciais deste 5 de abril marcam a primeira transição democrática do país, já que a Constituição impede Karzai de se candidatar pela segunda vez à reeleição. Embora o processo eleitoral tenha acontecido sob grande tensão, decorrente das ameaças de ataques dos talibãs e da iminente retirada das tropas da Otan, no fim de 2014, acredita-se que mais da metade dos afegãos tenham ido às urnas.