Atentado contra xiitas mata mais de 60 no Paquistão

16 fev 2013 - 18h19
(atualizado às 18h23)

Um atentado a bomba contra a comunidade xiita do Paquistão deixou mais de 60 mortos e 180 feridos este sábado, na instável província do Baluchistão, onde o fundamentalismo religioso avança de forma acelerada, bem como a violência contra esta minoria muçulmana.

Este foi um dos atentados mais sangrentos já ocorridos no Paquistão contra os xiitas, que representam 20% da população do país, de 180 milhões de habitantes e maioria sunita.

Publicidade

Uma bomba escondida em um caminhão-tanque e acionada à distância explodiu no fim do dia na cidade de Hazara, perto de Quetta, capital da província do Baluchistão, localizada na fronteira com o Irã e Afeganistão e cenário de atos de violência sectária e numerosos atentados contra as forças de segurança.

"Mais de 60 pessoas morreram e 180 ficaram feridas. A grande maioria das vítimas é xiita", informou o chefe da polícia de Quetta, Zubair Mehmood, revisando para cima o balanço anterior, de 52 mortos.

O caminhão repleto de explosivos estava estacionado perto de um prédio de dois andares, que acabou desabando. "Tememos que muitas pessoas ainda estejam presas sob os escombros", disse Mehmood.

Após o atentado, uma multidão enfurecida lançou pedras contra a polícia, acusada de não proteger os xiitas, de acordo com testemunhas.

Publicidade

Os episódios de violência contra a minoria xiita, julgada herege por alguns grupos sunitas extremistas, multiplicaram-se nos últimos anos no Paquistão, principalmente no Baluchistão.

A autoria do atentado foi reivindicada pelo Lashkar-e-Jhangvi, grupo armado sunita fundado nos anos 1990 e proibido oficialmente no Paquistão, o que não o impede de cometer crimes violentos.

Este movimento armado reivindicou ainda, no mês passado, a autoria do ataque mais sangrento contra a comunidade xiita no Paquistão: um duplo atentado suicida em frente ao clube de bilhar de Quetta, que resultou na morte de 80 xiitas.

De acordo com a organização de defesa dos direitos humanos Human Rights Watch (HRW), mais de 400 xiitas foram mortos no Paquistão em 2012, ano mais sangrento para esta comunidade na história do país.

Publicidade

O Paquistão também é cenário de uma guerra de influência entre a Arábia Saudita, suspeita de financiar os movimentos wahabitas (facção ultraortodoxa do islã sunita), e o Irã, maior potência xiita, segundo analistas.

Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
Fique por dentro das principais notícias
Ativar notificações