Rebeldes poderiam encorajar ataque aéreo à Líbia, diz jornal

1 mar 2011 - 21h44
(atualizado às 23h22)

Os rebeldes líbios estariam cogitando encorajar ataques aéreos contra importantes instalações militares das forças de Muammar Kadafi, informa reportagem do New York Times, publicada nesta terça-feira na página do jornal. O plano do conselho de líderes rebeldes que lutam contra o regime do coronnel envolveria, todavia, requerir que o ataque fosse realizado sob a tutela da Organização das Nações Unidas (ONU), o que, de acordo com o jornal, impediria que a ação fosse qualificada como uma "intervenção internacional".

info infográfico líbia infromações sobre o país
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Foto: AFP

Com uma intervenção realizada sob a guarida da ONU, a estratégia do conselho - o qual foi anunciado nesta terça para gerir os esforços em direção à derrocada de Kadafi - seria contar com o apoio da massa dos manifestantes, cujo sentimento comum é de repulsa à ideia de interferência estrangeira na revolução. Como exemplo serviriam as populações tunisiana e egípcia, que igualmente protagonizaram levantes contra seus presidentes, durante os quais gestaram um forte sentimento de nacionalidade e independência do exterior.

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A hipótese levantada pelos rebeldes líbios ocorre em meio à crescente força dos protestos contra Kadafi, acompanhada da resiliência do coronel em ceder poder. O país vai gradualmente dando a impressão de estar cindido entre os movimentos opositores e redutos de resistência de Kadafi. Estima-se que a onda de violência resultante da equação já tenha matado mais de mil pessoas - número certamente superior aos movimentos na Tunísia e no Egito somados. Mais de 100 mil já deixaram o país.

Do lado de fora, cresce a pressão sobre o governo. Nesta terça, em meio a mais uma rodada de condenações e recriminações às ações de Kadafi, a Líbia foi suspensa do Conselho de Direitos Humanos da Organizações Unidas. O gesto, porém, como também indica a matéria do New York Times, está ainda muito longe das pretensões dos rebeldes de eventualmente poderem contar com um ataque concreto e direto para enfraquecer o líder líbio. Também hoje a agência AFP noticiou que a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) permanece sem plano completo para uma ação em solo líbio.

O ataque aventado pelo conselho, segundo a reportagem do jornal, teria como alvo somente alvos militares, e, como objetivo, reduzir o poderio das forças do governo. Entre as bases cogitadas está a da capital líbia, Trípoli, que se tornou palco da cisão do país. Ataques diretos contra indivíduos não estariam nos planos do conselho, de acordo com a matéria.

Líbios enfrentam repressão e desafiam Kadafi

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Impulsionada pela derrocada dos presidentes da Tunísia e do Egito, a população da Líbia iniciou protestos contra o líder Muammar Kadafi, que comanda o país desde 1969. As manifestações começaram a tomar vulto no dia 17 de fevereiro, e, em poucos dias, ao menos a capital Trípoli e as cidades de Benghazi e Tobruk já haviam se tornado palco de confrontos entre manifestantes e o exército.

Os relatos vindos do país não são precisos, mas tudo leva a crer que a onda de protestos nas ruas líbias já é bem mais violenta que as que derrubaram o tunisiano Ben Ali e o egípcio Mubarak. A população tem enfrentado uma dura repressão das forças armadas comandas por Kadafi. Há informações de que aeronáutica líbia teria bombardeado grupos de manifestantes em Trípoli. Estima-se que centenas de pessoas, entre manifestantes e policiais, tenham morrido.

Além da repressão, o governo líbio reagiu através dos pronunciamentos de Saif al-Islam , filho de Kadafi, que foi à TV acusar os protestos de um complô para dividir a Líbia, e do próprio Kadafi, que, também pela televisão, esbravejou durante mais de uma hora, xingando os contestadores de suas quatro décadas de governo centralizado e ameaçando-os de morte.

Além do clamor das ruas, a pressão política também cresce contra o coronel Kadafi. Internamente, um ministro líbio renuncioue pediu que as Forças Armadas se unissem à população. Vários embaixadores líbiostambém pediram renúncia ou, ao menos, teceram duras críticas à repressão. Além disso, o Conselho de Segurança das Nações Unidas fez reuniões emergenciais, nas quais responsabilizou Kadafi pelas mortes e indicou que a chacina na Líbia pode configurar um crime contra a humanidade.

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Fonte: Terra
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