A oposição egípcia afirmou nesta terça-feira que não apoiaria um "golpe de Estado militar" e considerou que o ultimato do Exército ao presidente islamita Mohamed Mursi, para que "atenda as reivindicações do povo", não significa que os militares queiram desempenhar um papel político.
"Não apoiamos nenhum golpe de Estado militar", afirma em um comunicado a Frente de Salvação Nacional (FSN, principal coalizão opositora). A FSN destaca "confiar na declaração do Exército" de que não deseja envolvimento na política.
Ontem, o Exército egípcio deu a Mursi e às forças políticas um ultimato de 48 horas para que "atenda as reivindicações do povo", em aparente referência às manifestações que pedem eleições presidenciais antecipadas.
Mursi está reunido em caráter de urgência com o chefe de governo, Hisham Qandil, e todo seu gabinete, com exceção dos ministros de Defesa e do Interior. A imprensa do país informou que o Executivo poderia apresentar sua demissão em bloco, embora a medida extrema ainda não tenha sido confirmada.
Tribunal restitui procurador
Também nesta terça-feira, um um tribunal do país invalidou a nomeação de Talaat Ibrahim como atual procurador-geral e determinou a restituição do antigo ocupante do cargo, Abdelmeguid Mahmoud, segundo a agência EFE. A corte se pronunciou sobre um recurso que Mahmoud apresentou contra sua destituição do cargo, em novembro do ano passado, pelo presidente Mursi. Na época, a maior parte do judiciário do país rejeitou a medida. Segundo as fontes, como a decisão é definitiva, seu não cumprimento poderia ser punido com prisão.
Mursi se outorgou o poder, em polêmica declaração constitucional emitida em 22 de novembro, de destituir o procurador-geral, o que até então era uma prerrogativa da justiça. Em seguida, o presidente substituiu Mahmoud, criticado por ser próximo do antigo regime de Hosni Mubarak, pelo juiz Ibrahim. A medida de Mursi originou na época uma onda de protestos e distúrbios no Egito, onde a oposição e parte dos juízes rejeitaram a blindagem dos poderes do presidente e a destituição de Mahmoud, que era procurador-geral desde 2006.
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Manifestantes imersos na multidão usam pequenos canhões de raio laser para protestar na marcha contra Mursi no Cairo; o Egito vive nova onda massiva de contestação do presidente, pressionado agora também pelas Forças Armadas
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Foto da noite de 30 de junho mostra homem sob foco de laser na sede da Irmandade Muçulmana; ele está atirando objetos contra a multidão que nas ruas protestava contra o grupo e o presidente Mohamed Mursi
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Manifestantes observam helicóptero iluminado por feixes de laser sobre a área da Praça Tahrir e o Palácio Presidencial egípcio
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Milhares marcham em frente ao Palácio Presidencial durante nova mobilização de protesto contra o presidente Mohamed Mursi
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Feixes verdes de lazer iluminam o novo protesto que levou milhares de egípcios às ruas com a nação dividida entre apoiadores e opositores do presidente Mursi, o primeiro mandatário egípcio da era democrática pós-Hosni Mubarak, deposto em fevereiro de 2011
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Os protestos tomam as ruas pouco mais de dois anos depois da queda de Hosni Mubarak e um ano depois do início do mandato de Mohamed Mursi, eleito no histórico pleito de 2012
Foto: AP
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A Praça Tahrir, novamente ocupada por dezenas de milhares de egípcios, foi o epicentro da queda de Hosni Mubarak, e se torna novamente o palco central dos protestos que agora contestam a presidência de Mohamed Mursi; Mubarak permaneceu por três décadas no poder e instalou um governo centralizado no Egito, ao passo que Mursi, há um ano no cargo após ser eleito democraticamente, é acusado de autoritarismo e criticado por sua linha política próxima à Irmandada Muçulmana
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Foto em detalhe mostra helicóptero atingido por feixes de laser durante sobrevoo da ampla manifestação que tomou o centro do Cairo na noite de 30 de junho
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A onda nova onda de protestos que recoloca o Egito em uma situação de instabilidade análoga à vivida durante a chamada Primavera Árabe ocorre dias após um discurso no qual Mursi alertou para o risco de cisão nacional
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Manifestantes contrários a Mubarak observam helicópteros sobrevoando a Praça Tahrir, no centro do Cairo
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Com informações de agências internacionais
Fonte: Terra