Ligação entre CV e PCC é identificada em relatório do Ministério da Justiça

Promotor aponta que a trégua já está em vigor nas principais capitais

17 fev 2025 - 07h44
Relatório do Serviço de Inteligência do Ministério aponta ligação entre o CV e PCC
Relatório do Serviço de Inteligência do Ministério aponta ligação entre o CV e PCC
Foto: Foto: reprodução/tv globo

O relatório da Secretaria Nacional de Políticas Penais tornou público a ligação entre a facção Comando Vermelho (CV) e o Primeiro Comando da Capital (PCC). O ofício expõem detalhes da negociação entre os chefes das facções criminosas a nível nacional. 

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A relação foi revelada após gravações de conversas entre os presos e seus respectivos advogados. Com autorização judicial, as conversas no "parlatório", local reservado para esses encontros, foram monitoradas revelou um regime disciplinar diferenciado vivido pelo alto escalão do crime. 

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“A unificação dos advogados do Primeiro Comando da Capital, o PCC, e Comando Vermelho, o CV, vem sendo formatada por integrantes do alto escalão das duas facções. E teria como objetivo fortalecer os grupos criminosos para, principalmente, pleitear demandas dos chefes presos no sistema penitenciário federal", diz o relatório, obtido pela equipe do Fantástico. 

Segundo o documento, os presos estão buscando modificar a lei que regula os benefícios dos presos. O código informa que o individuo deve ser monitorado por câmara, terem saídas diárias para banho de sol por apenas 2 horas diárias. Só são permitidas visitas de suas pessoas por semana, mas sem direito a contato físico. Além disso, o preso não deve ter acesso à rádio, TV, a livros, jornais e revistas, e muito menos celular ou internet.  

Diante o desejo de mudar a lei, os presos estão reunindo assinaturas para pleitear outros benefícios. “Dados apontariam que integrantes do PCC já estariam reunindo assinaturas de pessoas em condições de votar para subsidiar um suposto 'abaixo-assinado' em que os signatários pleiteariam a flexibilização da lei para permitir o retorno de visitação com contato físico no sistema prisional federal".

O principal diálogo apontado pelo relatório foi entre chefe do PCC, Marco Willians Camacho, o Marcola,  que perguntou ao seu advogado: "Eles vão fazer então um abaixo-assinado com 1 milhão e 600 mil assinaturas?"

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Trecho do relatório que investiga ligação do PCC com o CV
Foto: Foto: reprodução/tv globo

O secretário nacional de políticas penais do Ministério da Justiça e Segurança Pública,  André Garcia, manifestou que o isolamento é necessário para ceifar a ligação entre os grupos armados. "A capacidade de isolamento é necessária para interromper os mecanismos de comunicação e articulação das lideranças", pontuou.

Além disso, o documento reitera que a ligação do PCC e do CV vai além das demandas dentro da prisão. Autoridades investigam trocas de mensagens de texto entre integrantes dos grupos nas ruas.

"O desafio que o Estado brasileiro tem com relação a essas organizações vai muito além dessa pacificação entre elas. É de consolidação democrática, proteção das instituições democráticas. Hoje, o País tem mais de 70 organizações criminosas, facções criminosas identificadas", explica David Marques, coordenador do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, ao Fantástico.

Segundo o promotor Lincoln Gakiya, que investiga o PCC há mais de 20 anos, a trégua entre as duas maiores facções já está em vigor nas principais capitais. "No Rio de Janeiro e em São Paulo já houve essa trégua. A união das duas maiores organizações criminosas do país pode levar a um incremento no tráfico internacional de cocaína, no tráfico de armas para o Brasil. É um compartilhamento de rotas e, sobretudo, fortalecimento ainda maior dessas organizações criminosas".

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Fonte: Redação Terra
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