O homem identificado como Rafael Marcell Dias Simões, conhecido no meio policial pelo apelido "Jaguar", foi oficialmente transferido de unidade prisional nesta semana após uma decisão da Justiça de São Paulo. Ele é apontado pelas investigações como um dos suspeitos de participar diretamente do assassinato do ex-delegado-geral da Polícia Civil, Ruy Ferraz Fontes, morto no último dia 15 em Praia Grande, no litoral paulista. A motivação para a transferência seria o risco concreto de uma tentativa de resgate organizada pelo Primeiro Comando da Capital (PCC), uma das maiores facções criminosas do país.
Jaguar havia se entregado às autoridades no dia 20 de setembro, menos de uma semana após o crime, e foi inicialmente encaminhado ao Centro de Detenção Provisória (CDP) de São Vicente, no litoral de São Paulo. No entanto, pouco tempo depois, o Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP), responsável pela investigação do caso, solicitou a remoção do detento para a capital. A alegação foi de que, mesmo sob custódia, o suspeito ainda poderia manter influência e articulações com criminosos da região costeira, o que poderia comprometer tanto a integridade das investigações quanto a segurança da unidade prisional.
A juíza Luciana Viveiros Corrêa dos Santos Seabra, responsável pela análise do pedido, acatou a solicitação e autorizou a transferência de Jaguar para a carceragem de uma delegacia especializada na capital paulista. A decisão também determinou que a remoção fosse realizada com "todas as cautelas de praxe", o que inclui escolta reforçada e planejamento tático, considerando o risco de uma eventual ação armada.
Além disso, foi determinado que tanto a Secretaria da Administração Penitenciária quanto a direção do CDP de São Vicente fossem imediatamente notificadas sobre a decisão, e que a medida fosse executada com urgência. Após o cumprimento da transferência, o processo referente ao pedido foi arquivado.
Quem é Jaguar e por que é considerado perigoso
Rafael Marcell, o Jaguar, tem um histórico criminal extenso. Desde 2009, acumula passagens por crimes como homicídio, envolvimento com organização criminosa e outros delitos graves. Ele teria mantido laços com o PCC ao longo dos anos e, segundo investigadores, segue tendo um papel relevante dentro da estrutura criminosa, mesmo quando preso.
O suspeito foi inserido no inquérito sobre o assassinato de Ruy Ferraz Fontes após a análise de provas e depoimentos colhidos nos dias posteriores ao crime. As investigações apontam que ele teria sido um dos atiradores responsáveis pelos disparos que mataram o ex-delegado, em uma emboscada armada na cidade de Praia Grande. Fontes foi surpreendido dentro de seu veículo, em plena luz do dia, o que chamou atenção das autoridades pela ousadia da ação.
Na ocasião do crime, Ruy Ferraz Fontes ocupava o cargo de secretário municipal de Administração em Praia Grande. Ele havia se aposentado da Polícia Civil após uma longa trajetória, marcada por investigações contra o crime organizado e por passagens por cargos de alta relevância na corporação. Sua atuação firme contra facções criminosas, como o próprio PCC, levantou a hipótese de que seu assassinato poderia ter sido uma retaliação.
A Polícia Civil ainda não descarta outras linhas de investigação, incluindo disputas políticas locais ou interesses contrariados por sua atuação como gestor público. No entanto, a principal suspeita até o momento recai sobre o envolvimento do crime organizado no planejamento e execução do assassinato.
Preocupações com a segurança e o avanço das investigações
A transferência de Jaguar para a capital paulista representa uma tentativa de isolar o investigado de seu possível círculo de influência na Baixada Santista. Fontes ligados à investigação apontam que, mesmo preso, ele poderia exercer poder sobre comparsas ou facilitar articulações criminosas de dentro da prisão.
O caso mobilizou as principais forças de segurança do estado, e a cúpula da Secretaria da Segurança Pública acompanha o desenrolar das investigações de perto. O secretário Guilherme Derrite, inclusive, foi um dos primeiros a confirmar publicamente que Jaguar seria um dos principais suspeitos pelo crime.
Até o momento, outras prisões podem ocorrer, e o cerco contra os autores do assassinato deve continuar nos próximos dias. A polícia segue ouvindo testemunhas e analisando imagens de câmeras de segurança que podem ajudar a identificar outros envolvidos na emboscada que tirou a vida do ex-delegado.
A defesa de Rafael Marcell Dias Simões ainda não se pronunciou sobre a acusação, e não foi localizada até a publicação desta reportagem. O espaço segue aberto para manifestação.