Polícia e Defesa estão alinhadas para investigação "rigorosa" de militares, diz diretor da PF

O diretor-geral da PF, Andrei Rodrigues, falou à coluna após reunião com ministro da Defesa: "[Múcio] colocou a Defesa à disposição".

23 ago 2023 - 18h23
O diretor-geral da Polícia, Andrei Passos Rodrigues
O diretor-geral da Polícia, Andrei Passos Rodrigues
Foto: Poder360

O diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Passos Rodrigues, disse à coluna que há um entendimento comum entre a corporação e o Ministério da Defesa para uma investigação “rigorosa” contra militares envolvidos em crimes e desvios de conduta. O chefe da corporação policial se reuniu com o ministro da Defesa, José Múcio, nesta quarta, 23, na sede da PF. Nas últimas semanas, investigações da PF avançaram sobre crimes cometidos por militares de alta patente como no caso das joias do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Segundo Rodrigues, o encontro foi uma visita de cortesia de Múcio para convidá-lo para participar das solenidades no Dia do Soldado, 25 de agosto.

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“Confirmei presença. Falamos também do sentimento comum de sermos rigorosos com quem cometeu desvios e crimes, para fortalecermos as instituições”, disse Rodrigues à coluna.

“[O ministro Múcio] colocou o Ministério da Defesa à disposição, para seguirmos na linha que comentei: rigorosos com os desvios/crimes, preservando as instituições”, completou.

O encontro foi marcado depois que a PF negou repassar à Defesa a lista de servidores do ministério que se encontraram com o hacker Walter Delgatti para tentar questionar a segurança das eleições, no ano passado. A justificativa foi de que os dados estão sob sigilo, em poder do Supremo Tribunal Federal (STF). Diante da negativa, Múcio solicitou, nesta quarta, os dados ao Supremo.

A Polícia Federal tem sido o órgão à frente de ações e investigações que miram militares. A corporação prendeu e investiga os ataques do dia 8 de janeiro e escândalos de joias relacionados ao ex-presidente Bolsonaro. No caso dos presentes diplomáticos, aparecem nas investigações da polícia ajudantes de ordens cedidos pelo Exército, como o tenente-coronel Mauro Cid, e militares da reserva, como o pai de Cid, general Lourena Cid. O braço-direito de Bolsonaro, Mauro Cid, está preso desde maio, já o pai foi alvo de busca e apreensão.

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O aumento da pressão provocado pelas revelações da PF fez Múcio se movimentar e buscar reuniões com outras autoridades para melhorar a imagem das Forças Armadas e minimizar impactos políticos. O titular da Defesa e os comandantes das três Forças se encontrarem com o presidente Lula (PT) em uma reunião, fora da agenda, no sábado, 19, no Palácio da Alvorada. Nesta quarta, antes de se encontrar com Andrei Rodrigues, Múcio esteve com o ministro da Justiça, Flávio Dino, e o presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPMI) dos ataques do dia 8 de janeiro, deputado Arthur Maia (União Brasil-BA).

Fonte: Guilherme Mazieiro Guilherme Mazieiro é repórter e cobre política em Brasília (DF). Já trabalhou nas redações de O Estado de S. Paulo, EPTV/Globo Campinas, UOL e The Intercept Brasil. Formado em jornalismo na Puc-Campinas, com especialização em Gestão Pública e Governo na Unicamp. As opiniões do colunista não representam a visão do Terra. 
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