O encontro marcado como happy hour entre senadores e o presidente Lula (PT) foi positivo e em tom de confraternização com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, e lideranças. Ainda que não tenha havido reclamações abertas sobre a relação entre os dois poderes, o presidente ouviu pedidos para que haja mais aproximação e encontros regulares para ajustar temas e a condução política. Os pedidos foram feitos por Davi Alcolumbre (União Brasil-AP) e Otto Alencar (PSD-BA), parlamentares de duas bancadas aliadas ao governo, mas que têm integrantes trabalhando na oposição.
A coluna conversou com dois ministros e dois senadores que estiveram no encontro e pediram para manter seus nomes reservados. Essas fontes relataram que a reunião foi descontraída, sem objetivo de discutir pautas específicas e queixas sobre a condução política do Planalto.
No clima amistoso coube, inclusive, uma piada do presidente do Senado, agradecendo Lula pela vitória nas eleições, caso contrário, ele e o presidente do Tribunal Superior Eleitoral, Alexandre de Moraes, estariam presos. A referência de Pacheco é sobre a minuta do golpe, que segundo a Polícia Federal, foi discutida nas articulações para um golpe no país por Jair Bolsonaro (PL) e seus ex-ministros. O ex-presidente é investigado e nega crimes.
A reunião durou aproximadamente 1h30, na noite desta terça, 6, no Palácio da Alvorada - residência oficial da Presidência. No encontro foram servidos pães de queijos e tipos de queijo.
Pacheco foi o primeiro a falar, avaliando que foi positiva a relação com o Planalto em 2023.
O senador mineiro disse que a grande maioria das pautas econômicas foram aprovadas pela casa, dando mais credibilidade ao país. Ele agradeceu publicamente à condução de Alexandre Padilha (Relações Institucionais). O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, também foi elogiado pela condução e negociação de projetos.
Alguns temas foram abordados superficialmente, como a pauta para reforma política discutida no Senado. Pacheco defende um texto que dê fim à reeleição de presidente, estipulando um período maior de mandato. A ideia é que a medida, se aprovada, não impacte os atuais chefes de executivo e tenha efeito após 2030. Lula, ainda que não seja afetado pela eventual mudança, fez colocações contrárias, dizendo que não está convencido da pauta.
O senador destacou que é natural haver discordâncias de entendimento, mas sem que isso reflita em tensões e cobranças públicas. Ainda que não tenha explicitado, os presentes entenderam que ele se referia à posição do Senado que condenou as falas de Lula sobre o holocausto.
“O próprio presidente salientou que é dele, que ele gosta de encontros e reuniões políticas. Ele não se furta a ter esses contatos, tem uma capacidade de envolver-se muito grande. E ficou combinado que vamos fazer isso, manter essas reuniões regulares”, disse à coluna o vice-presidente do Senado, Veneziano Vital do Rêgo (MDB-PB).
Participaram do encontro:
Os ministros:
Alexandre Padilha (Relações Institucionais);
Fernando Haddad (Fazenda);
Paulo Pimenta (Secom);
Rui Costa (Casa Civil)
Valmir Prascidelli - secretário do Ministério de Relações Institucionais;
Os senadores:
Beto Faro (PT-PA), líder do PT;
Davi Alcolumbre (União-AP); presidente da Comissão de Constituição e Justiça
Efraim Filho (União-PB), líder do União Brasil
Eliziane Gama (PSD-MA);
Jaques Wagner (PT-BA), líder do governo no Senado;
Jorge Kajuru (PSB-GO), líder do PSB;
Marcelo Castro (MDB-PI), vice-líder do MDB;
Omar Aziz (PSD-AM);
Otto Alencar (PSD-BA), líder do PSD;
Rodrigo Pacheco (PSD-MG), presidente do Senado;
Renan Calheiros (MDB-AL), líder da Maioria;
Randolfe Rodrigues (sem partido), líder do governo no Congresso;
Veneziano Rego (MDB-PB), vice-presidente do Senado;
Weverton (PDT-MA), líder do PDT;