Um estudo feito pela Internacional Stress Management Association - Brasil (Isma-BR) apontou que o estresse aumenta 75% no fim do ano. Já a pesquisa feita pela American Heart Association revelou que 79% das pessoas ficam tão preocupadas em criar momentos especiais para os outros que se esquecem de si mesmas, e 71% se arrependem de não reservarem tempo para relaxar.
De acordo com especialistas, a síndrome de fim de ano, conhecida como "dezembrite", não é um diagnóstico médico, mas um conjunto real de sintomas emocionais que se intensifica no fechamento do ano. Segundo Erica Oliveira, gestora pedagógica e franqueada do Supera, mecanismos psicológicos e neurais aumentam nesta época festiva. "Festas ativam mecanismos de avaliação social e comparação (córtex pré-frontal medial + redes de recompensa). Expectativas elevadas sobre "como tudo deve ser" geram discrepância entre ideal e real, que é gatilho para ansiedade", conta.
Para a gestora, pressões financeiras, incertezas, rotina interrompida e sono desregulado também aumentam a sensação de ameaça ambígua. "Pesquisas e relatórios populacionais indicam que o dinheiro é uma das principais fontes de stress sazonal. O cérebro interpreta a ambiguidade como um sinal de possível ameaça, elevando a ansiedade. Mudanças na rotina, sono e alimentação reduzem a capacidade do córtex pré-frontal de inibir respostas emocionais automáticas, portanto mais reatividade emocional e menos controle", explica Erica Oliveira.
Erica Oliveira ressalta que "a solidão em meio à multidão, lembranças dolorosas e sobrecarga de estímulos e decisões são pontos de destaque". A presença física de pessoas nem sempre alivia a sensação de isolamento; para muitos, festas lembram perdas e ausências — isso ativa redes de processamento afetivo ligadas à tristeza e à ansiedade. "Revisões sobre isolamento social mostram relação direta com piora de ansiedade e estresse. Muitas escolhas (presentes, eventos, menus) causam fadiga cognitiva, reduzindo autocontrole e ampliando respostas emocionais. Resulta em irritabilidade, ruminação e uso de estratégias de escape (álcool, comida), que retroalimentam a ansiedade", completa ela.
Entretanto, existem algumas atividades que ajudam a lidar com o estresse causado pelo fim de ano. "Meditação breve, respiração consciente 5 minutos — 4s inspiração/6s expiração; técnicas cognitivas "worry time", agendar 15-20 minutos diários para "preocupar-se", desloca a ruminação para um período controlado, reavaliar pensamentos catastróficos; exercício aeróbico e atividades leves aumentam neurotransmissores (endorfina, serotonina) e reduzem nível de cortisol, melhorando humor e sono — ajudam a aumentar a resiliência ao estresse", salienta a profissional.
"Manter horários regulares, evitar telas antes de dormir e limitar álcool reduz reatividade emocional; conectar-se ativa redes de regulação social e oxitocina, reduzindo percepção de ameaça; orçar presentes, dividir responsabilidades e simplificar compromissos reduz incerteza e carga cognitiva e relaxamento muscular progressivo (PMR) por 10 min diminui tensão e sinal de alarme somático", analisa a gestora pedagógica.
Erica Oliveira ainda reforça que, "se a ansiedade interfere em sono, trabalho, comer ou se surgem pensamentos persistentes de desesperança ou de autoagressão, procure um profissional de saúde mental. Intervenções breves de TCC e MBIs têm evidência robusta e podem ser adaptadas para o período festivo".