Shein ainda mantém trabalho excessivo com 75 horas semanais, aponta relatório

A rede de fast fashion Shein vem sendo acusada de manter seus empregados em trabalho excessivo por investigadores de grupo dos direitos humanos

14 mai 2024 - 06h51
(atualizado às 07h37)

A Shein ainda mantém em seu ambiente de trabalho jornadas excessivas de 75 horas semanais e até trabalho infantil. Isso é que diz o relatório concluído após investigação do Public Eye, um grupo suíço de direitos humanos que já havia identificado abusos na rede chinesa de fast fashion. 

Foto: Freepik/Giovana Pignati / Canaltech

O primeiro documento reunido em 2021, e esse novo relatório foi concluído em 2023, pouco mais de um ano depois de a Shein ter prometido combater as jornadas excessivas em sua cadeia de abastecimento. O Public Eye entrevistou 13 trabalhadores têxteis empregados em seis fábricas em Guangzhou, região no sul da China, entre maio e setembro passados.

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O documento mais recente registra pessoas trabalhando uma média de 12 horas por dia, excluindo os intervalos para almoço e jantar; e geralmente em seis ou sete dias por semana. O Public Eye também afirmou que os salários dos trabalhadores quase não mudaram desde a investigação anterior, com oscilação entre 6.000 e 10.000 yuans por mês (entre R$ 4.277,79 e RS$ 7.129,65).

Pode até parecer um salário atrativo, mas, após deduções de taxas, os valores caíram para cerca de 2.400 yuans (R$ 1.711,12) por mês, bem abaixo dos 6.512 yuans (R$ 4.642,83), que, segundo o Public Eye, é o valor de um pagamento mensal afirma ser um salário digno na China, citando cálculos do grupo de campanha Asia Floor Wage Alliance.

O Public Eye disse à CNN que não retornou ao local onde foi feita a primeira investigação e observou uma movimentação perigosa na mídia local, que tornou "a atmosfera muito arriscada". Colaboradores da Shein nessa região também disseram aos investigadores que notaram um aumento no número de câmeras de vigilância nas fábricas, com objetivo de alertar a gigante chinesa sobre a chegada de alguma fiscalização.

O que diz a Shein?

A Shein não revela quem são seus fornecedores e questiona o método investigativo do grupo suíço. "O relatório Public Eye baseia-se numa amostra de 13 entrevistados e, embora todas as vozes na nossa rede sejam importantes, esta pequena amostra deve ser vista no contexto do nosso processo abrangente e contínuo para melhorar a nossa cadeia de abastecimento, o que envolve milhares de fornecedores e trabalhadores".

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Em dezembro de 2022, a Shein anunciou planos de investir US$ 15 milhões para atualizar centenas de fábricas pertencentes a seus fornecedores. Nesta segunda-feira (13), depois de um documentário exibir no Channel 4 do Reino Unido várias alegações de exploração laboral contra dois fornecedores da Shein na China, a gigante emitiu comunicado.

 A empresa afirmou no seu comunicado que está investindo dezenas de milhões de dólares para fortalecer a governança e compliance dos seus fornecedores. "Continuaremos a fazer investimentos substanciais nessas áreas."

"Esses esforços já estão produzindo resultados, com nossas auditorias regulares aos fornecedores mostrando uma melhoria consistente no desempenho e conformidade por parte de nossos parceiros fornecedores", completou a companhia.

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