Um neurocirurgião usou as redes sociais para fazer um desabafo sobre o que o motivou a abandonar uma carreira de quase 20 anos na Medicina. Em um vídeo de mais de 40 minutos, ele revelou que, agora, morava sozinho nas montanhas, mas que nem sempre foi assim.
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Identificado apenas como Dr. Goobie, ele relata que estudou e se especializou na Massachusetts Institute of Technology (MIT), uma das instituições de ensino superior mais conceituadas dos Estados Unidos, por dez anos, sendo quatro na faculdade de Medicina e seis no treinamento em Neurocirurgia. “Eu fui neurocirurgião por quase 10 anos depois de tudo isso, então, são 20 anos da minha vida”, conta.
“Eu parei ano passado e ninguém entendeu o motivo. As pessoas podem até perguntar, mas uma decisão como essa envolve 20 anos da sua vida, você não pode responder em alguns minutos”, reflete. “[Por isso] estou fazendo esse vídeo para ajudar a organizar os meus próprios pensamentos sobre tudo isso porque há muitos fatores. Mas também para ajudar outra pessoa que esteja em uma situação difícil”.
De acordo com ele, apesar de ser bem pago e respeitado na profissão, sentia como se algo não estivesse certo e estava infeliz por isso. “Eu estava mais infeliz do que nunca e por muito tempo não conseguia realmente entender o motivo”, destacou.
“Eu achava que se fizesse uma cirurgia perfeita, as pessoas melhorariam, mas nem sempre era assim. E isso realmente me incomodava”, desabafou.
Para tentar entender o que estava acontecendo, ele passou a questionar os seus pacientes. Eles possuíam dietas com baixo teor de sódio, baseada em vegetais, praticavam esportes e tinham um bom ciclo social. Isso o fez observar que pessoas com esse estilo de vida se recuperavam de forma mais rápida e, às vezes, nem precisavam passar por uma cirurgia.
No entanto, o especialista também entendeu que, se encontrasse uma forma de curar as pessoas que não envolvesse pílulas ou uma cirurgia, o hospital e os médicos estariam em apuros. “O problema é que nosso sistema médico não está configurado dessa forma. A forma com que as coisas estão configuradas é para o hospital ganhar dinheiro. Eles precisam crescer economicamente”, disse o doutor.
“Se você descobrir uma maneira de ajudar os pacientes a se curarem e não puder cobrar por isso, então você acabou de perder o emprego", comentou. “Eu realmente sentia que o foco da medicina não estava no lugar certo, não estava na cura, estava em ganhar dinheiro com cirurgias, pílulas, imagem e qualquer coisa que dê dinheiro”.
Goobie comenta que, depois de ter noção do que estava acontecendo, teve problemas éticos. "Eu estava fazendo um trabalho no qual não acreditava mais”, contou. Ele afirma que ainda seguiu com a carreira por um tempo para que ele e a esposa tivessem dinheiro, mas que estava muito triste e frustrado.
"Eu sabia que estava morrendo por dentro e meu corpo estava morrendo", desabafou.
Sem conseguir aguentar mais, conversou com a esposa e decidiu deixar a profissão, mesmo sem ter planos para o futuro. Ele conta que se sentiu envergonhado no início, mas logo sentiu que a decisão foi “libertadora”.
“Quando você deixa de lado algo que está segurando com muita força, mesmo que esteja te machucando, você é capaz de pegar outra coisa que, esperançosamente, é melhor para você...Confie no seu coração, se apoie nas pessoas que te amam e faça o que você precisa fazer - seja lá o que for”, finaliza o vídeo.
Nos comentários da publicação, que está no Youtube, muita gente apoia a decisão de Goobie. “Um homem tem duas vidas. A primeira começa quando ele nasce e a segunda começa quando ele percebe que tem apenas uma”, refletiu um perfil.
“Aos 70 anos de idade, posso te confirmar que isso não é uma crise de meia-idade. Este é o seu despertar e ainda há muito para você. Abrace!”, incentivou uma internauta.
Atualmente, Goobie tem um canal no YouTube junto com o seu cachorrinho. Nele, ele publica vídeos de música, trilhas na montanha onde mora e vlogs.