Nova variante ainda não é principal causa do pico nas UTIs

Pelo menos dez Estados já registraram a cepa amazônica. Aglomerações vistas nas últimas semanas, como nas festas de ano-novo e no feriado do carnaval, são motivo de alerta

23 fev 2021 - 05h10
(atualizado às 07h38)

Especialistas afirmam que a falta de testagem e de sequenciamento genético de amostras dos infectados no Brasil são barreiras para entender o peso das novas mutações do Sars-CoV-2 na alta de internações de pacientes com a covid-19, mas acreditam que a influência dessas variantes ainda está no início. Em São Paulo, o total de pacientes na UTI é recorde na pandemia.Também preocupam as aglomerações vistas nas últimas semanas, como nas festas de ano-novo e no feriado do carnaval.

UTI de hospital em São Paulo em meio à pandemia de coronavírus 
03/06/2020
REUTERS/Amanda Perobelli
UTI de hospital em São Paulo em meio à pandemia de coronavírus 03/06/2020 REUTERS/Amanda Perobelli
Foto: Reuters

O infectologista Max Igor Lopes, do Centro de Infectologia do Hospital Sírio Libanês, acredita que os efeitos das variantes podem estar no começo. "Ainda não tínhamos essas variantes quando a segunda onda começou (fim de 2020). Começamos a ter a contribuição das variantes agora e em localidades específicas", diz. "O que acontece é que temos um grande número de casos e, agora, essas variantes começam a ocupar porcentual maior deles." Pelo menos dez Estados já registraram a cepa amazônica do vírus, cujos estudos iniciais já apontaram maior potencial de transmissão.

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O coordenador do Centro de Contingência da covid-19 de São Paulo, Paulo Menezes, disse que a variante de Manaus é um "fator de muita preocupação". "Entendemos que a circulação da variante ainda tem uma proporção pequena, mas se ela for de fato mais transmissível é algo que pode contribuir para o recrudescimento de casos, internações e mortes", afirma. Ela aponta que as medidas restritivas são a única forma de reduzir a transmissão, mas que o balanço é difícil diante do impacto na vida das pessoas.

De acordo com especialistas, o aumento de internações está relacionado com o afrouxamento das medidas de isolamento social, como aglomerações e reabertura de setores econômicos, além de viagens e festas durante o fim de ano e o carnaval.

Para Renato Kfouri, diretor da Sociedade Brasileira de Imunizações, não dá para "prever" a situação de outras cidades com base em Manaus e Araraquara, pois a letalidade é dependente não só da alta circulação, mas da capacidade de atendimento hospitalar em cada região.

 

"Mas os ingredientes para termos o aumento estão todos aí: permeabilidade muito grande nas fronteiras no País, a gente não faz lockdown, os voos saem direto de Manaus para lá e para cá, as medidas de isolamento não têm grande adesão da população. A quantidade de pessoas não vacinadas ainda é enorme. Então, a produção de variantes Brasil afora é fato", afirma Kfouri.

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