Colômbia e Farcs assinam acordo de paz

26 set 2016 - 20h37

Ato solene, com presença de líderes mundiais, celebra assinatura de documento que marca fim do conflito armado mais longo da América Latina. Em mais de 50 anos, guerrilha provocou a morte de 220 mil pessoas.O governo colombiano e as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) assinaram nesta segunda-feira (26/09) o histórico acordo de paz que promete pôr fim aos 52 anos de conflito armado no país.

O número um das Farc, Rodrigo Londoño Echeverri, conhecido como Timochenko, exaltou o acordo. "Estamos renascendo para lançar uma nova era de reconciliação e de construção da paz", disse na cerimônia em Cartagena, que marcou a assinatura do documento. O líder guerrilheiro pediu ainda perdão pelo sofrimento causado durante o conflito.

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O acordo foi assinado com uma caneta feita a partir de um projétil, chamada de balígrafo. Segundo o presidente colombiano, Juan Manuel Santos, o objeto representa a transição das balas para a educação. Após a assinatura, os dois apertaram as mãos e Echeverri, seguindo o exemplo de Santos, colocou em sua camisa um broche com uma pomba branca.

Durante o minuto de silêncio que lembrou as vítimas da guerra, 50 bandeiras brancas foram hasteadas. Os cerca de 2,5 mil convidados da cerimônia vestiram branco como um símbolo da paz.

O ato solene contou ainda com a participação do secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon; do secretário de Estado americano, John Kerry; do líder cubano Raúl Castro; além dos presidentes do Equador, Rafael Correa, e do Panamá, Juan Carlos Varela; e do rei Juan Carlos da Espanha. O ministro das Relações Exteriores, José Serra, representou o Brasil. Michel Temer não compareceu ao evento, alegando problemas de agenda.

"Hoje os colombianos dizem adeus a décadas de chamas e estão enviando uma luz brilhante de esperança que ilumina o mundo. Foi uma honra para a comunidade internacional apoiar este esforço", afirmou Ban, em seu breve discurso no ato.

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Com a assinatura do documento, a União Europeia (UE) retirou as Farc da lista de organizações terroristas, como anunciou a chefe da política externa da UE, Federica Mogherini.

O acordo de paz

Alcançado em agosto em Havana, após anos de negociações, o acordo precisa agora ser referendado pelos colombianos num plebiscito marcado para o próximo dia 2 de outubro. Para ser validado, exige a participação de mais de 13% dos eleitores, 4,5 milhões de pessoas. Todas as pesquisas projetam a vitória do "sim" na consulta popular.

Neste domingo, outra guerrilha, o Exército de Libertação Nacional (ELN), anunciou que vai interromper as ações ofensivas em 2 de outubro para facilitar a participação dos colombianos no plebiscito. Pablo Beltrán, integrante do comando central da guerrilha, disse que, embora o ELN seja crítico ao processo de paz, o grupo não será um "obstáculo" para o governo e as Farc.

Na última sexta-feira, as Farc anunciaram que seus líderes ratificaram por unanimidade o acordo, que contempla o abandono das armas pela guerrilha e sua transformação em movimento político. A nova agremiação deve ocupar dez assentos no Congresso, segundo prevê o pacto de paz.

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Além de garantias para a participação dos guerrilheiros desmobilizados na política, o acordo de paz inclui questões complexas, como o acesso à terra para os agricultores pobres; luta contra o tráfico de drogas; justiça e reparação às vítimas.

Em mais de 50 anos, o conflito na Colômbia, o mais longo da América, provocou a morte de 220 mil pessoas e deixou mais de 6 milhões de deslocados internos.

CN/efe/dpa/rtr

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