O que estão compartilhando: anúncios que vendem canudos que prometem detectar metanol em bebidas alcoólicas adulteradas.
O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é falso. Pesquisadores da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB) trabalham para desenvolver um canudo que muda de cor ao entrar em contato com o metanol, mas o processo ainda está em andamento. À reportagem, o Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP) alertou que, até o momento, não existem testes comercializados para o público que permitam detectar a presença de metanol em bebidas adulteradas. As publicações direcionam os usuários a sites fraudulentos para coletar dinheiro e dados pessoais, como CPF.
Saiba mais: diferentes anúncios no Facebook e Instagram divulgam um canudo "antimetanol", que detectaria o composto químico em bebidas alcoólicas. Algumas postagens manipulam a imagem do médico Dráuzio Varella e se passam por uma iniciativa seria do governo federal.
Pesquisadores trabalham para desenvolver canudo que detecta contaminação de metanol
Existe, de fato, um trabalho de pesquisadores da UEPB para desenvolver um canudo que servirá como mecanismo de segurança para detecção de metanol. Informações divulgadas nesta segunda-feira, 6, pela própria universidade apontam que os estudiosos ainda estão desenvolvendo esse mecanismo.
O que já foi feito pelos pesquisadores foi um equipamento que emite uma luz infravermelha sobre a garrafa, que permite identificar substâncias que não fazem parte da composição original da bebida. A tecnologia detecta adulterações em poucos minutos e, segundo o coordenador da pesquisa, o trabalho obteve uma taxa de 97% de precisão.
Saiba mais
Ao Verifica, o Ministério da Justiça alertou para fraudes diante do cenário de adulteração de bebidas alcoólicas. "Até o momento, não existem testes comercializados para o público que permitam detectar a presença de metanol, como o canudo mencionado nas publicações", informou.
Página falsa finge ser do governo federal
Um dos perfis fraudulentos simula a identidade visual do Ministério da Saúde e direciona a um link que contém "governo" na URL (endereço da página). Esses elementos fazem parecer que a venda da tecnologia seria do governo federal.
Por telefone, a pasta informou à reportagem que não reconhece a autenticidade da página. Cabe ressaltar que sites oficiais do governo contém "gov.br" na URL e no cabeçalho do site, que deve ser clicável para retornar à página oficial da União.
Outro indício de falsidade da página é a data de criação. Ela foi criada em 6 de outubro deste ano e não tem seguidores ou curtidas. Veja abaixo a apresentação do perfil.
Anúncio manipula imagem de Drauzio Varella
Um dos anúncios veiculados pela página que imita o governo federal usa indevidamente a imagem do médico Drauzio Varella. No vídeo, Dráuzio parece divulgar o canudo intitulado como "SafeSip Metanol Check".
O médico, no entanto, já alertou para anúncios que manipulam sua imagem para vender tratamentos. Veja abaixo.
O conteúdo usado no anúncio fraudulento tem evidentes indícios de uso de inteligência artificial, como falha da sincronização do movimento labial e as falas. Esse é um erro comum de mídias geradas pela tecnologia.
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Como lidar com postagens do tipo: é importante ter cautela com anúncios chamativos nas redes sociais. Verifique o perfil que está anunciando o produto e indícios de confiabilidade, como data de criação da página e número de seguidores ou curtidas. Perfis fraudulentos costumam ser recentes e conter baixo engajamento.