Retirada de sanções contra Moraes foi vitória para democracia brasileira, diz Lula

12 dez 2025 - 20h25

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta sexta-feira que a retirada das sanções impostas pelos Estados Unidos contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), configura uma vitória para a democracia brasileira e lembrou que ainda há outras autoridades sob sanções.

Lula disse estar feliz com o reconhecimento de que não era justo punir um magistrado por cumprir a Constituição de um país e relatou que em conversa na semana passada com o presidente dos EUA, Donald Trump, foi tratado da retirada das sanções a Moraes.

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"Na conversa que eu tive com o Trump, na semana passada, ele perguntou: 'é bom para você?'. Eu falei: 'não é bom para mim; é bom para o Brasil e é bom para a democracia brasileira'", disse Lula em evento de lançamento do canal SBT News.

"'Aqui você não está tratando de amigo para amigo. Você está tratando de nação para nação. E a Suprema Corte para nós é uma coisa muito importante, Trump.'", acrescentou.

Ao referir-se a outras pessoas que ainda sofrem sanções dos EUA, Lula afirmou que "não é possível admitir que um presidente de um país possa punir com as leis dele autoridades de outro país que estão exercendo a democracia".

"Portanto, a tua vitória, Alexandre, é a vitória da democracia brasileira."

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VITÓRIA TRIPLA

Pouco antes, no mesmo evento, Moraes afirmou que a suspensão das sanções contra si e sua esposa significava uma vitória do Judiciário, da soberania e da democracia brasileiros, agradecendo o empenho de Lula e de seu governo para reverter as penalidades.

O ministro disse que desde a edição das sanções, em julho, esperava que a verdade, no momento em que chegasse ao conhecimento das autoridades norte-americanas, iria prevalecer.

"Foi uma tripla vitória. A vitória do Judiciário brasileiro. O Judiciário brasileiro, que não se envergou a ameaças, a coações -- e não se envergará --, e continuou com imparcialidade, seriedade e coragem", disse o ministro do STF.

"A vitória da soberania nacional. O presidente Lula, desde o primeiro momento, disse que o país não iria admitir qualquer invasão na soberania brasileira", continuou o ministro.

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"Mas, mais do que tudo isso, a vitória da democracia. O Brasil chega hoje, no quase final de ano, o Brasil chega dando exemplo de democracia e força institucional a todos os países do mundo."

Os Estados Unidos retiraram nesta sexta-feira as sanções contra o ministro, que havia se tornado alvo por ser o relator do processo criminal contra o ex-presidente Jair Bolsonaro -- de linha ideológica semelhante à do presidente Donald Trump --.

A retirada em menos de cinco meses, ocorrida após os EUA começaram a reverter as tarifas sobre produtos brasileiros, mostrou a rapidez com que Trump se aproximou de Lula e deixou de defender agressivamente seu antecessor.

Os EUA sancionaram Moraes com base na Lei Magnitsky em julho, punindo-o por ser o relator do julgamento que levou à condenação e prisão de Bolsonaro por tentativa de golpe de Estado após fracassar em seu esforço de reeleição em 2022.

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Na ocasião, Trump havia classificado o julgamento de "caça às bruxas".

Nesta sexta-feira, o Departamento do Tesouro também removeu as sanções impostas em setembro à esposa de Moraes, Viviane Barci, assim como as sanções impostas ao Instituto Lex, entidade financeira controlada por ela e outros membros da família.

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