Vereadores de Porto Alegre ficaram feridos em confronto durante protesto na Câmara contra projetos administrativos; um inquérito foi aberto para investigar a conduta dos guardas municipais.
Vereadores de Porto Alegre ficaram feridos durante um confronto entre manifestantes, seguranças e guardas municipais da Câmara Municipal de Porto Alegre nesta quarta-feira, 15. Nas redes sociais, os parlamentares compartilharam imagens de ferimentos e da confusão do lado de fora do prédio.
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O tumulto começou quando o projeto de reestruturação administrativa era discutido no plenário. O projeto é criticado por servidores e pelos movimentos sindicais da cidade, e do lado de fora, os manifestantes começaram a se mobilizar.
Alguns vereadores foram para o lado de fora para tentar mediar com diálogo e permitir a entrada de alguns manifestantes para acompanhar a sessão.
No entanto, guardas municipais e seguranças passaram a usar gás lacrimogêneo e balas de borracha para dispersar o grupo que tentava entrar na Câmara. Os atingidos relatam que houve tumulto e agressões.
Os vereadores Erick Dênil (PCdoB) e Giovani Culau (PCdoB) ficaram feridos após serem atingidos por balas de borracha e por uma bomba que estourou perto deles. Ao jornal Porto Alegre 24h, Dênil disse que tentava dialogar com os guardas quando foi atingido.
"Miraram uma arma para acertar o meu rosto. Pulei na mesma hora e a bala de borracha atingiu as costas do deputado estadual Miguel Rossetto (PT). Depois, em um segundo momento, acertaram minha perna", relatou.
As vereadoras Grazi Oliveira (Psol) e Atena Roveda (Psol) ficaram feridas pelos estilhaços. O deputado estadual Miguel Rossetto (PT), presente no ato, disse ter sido atingido por uma bala de borracha, que perfurou seu terno.
A tropa de choque da Guarda Municipal do prefeito Melo usou bombas contra a população, vereadores e deputados. Uma violência inaceitável contra a população que defendia seus direitos hoje na Câmara Municipal de Porto Alegre. pic.twitter.com/fK1A4usJYz
— Miguel Rossetto (@MiguelSRossetto) October 15, 2025
A presidente da Câmara, vereadora Comandante Nádia (PP), acionou o protocolo de segurança e suspendeu a sessão. O plenário chegou a ser reaberto, mas diante do clima de tensão, as discussões foram encerradas novamente. Nádia lamentou o ocorrido "lamentável" nas redes sociais e afirmou que o "espaço público precisa ser preservado".
Os manifestantes protestavam contra projetos que mudam cargos e funções da Câmara, além de mudanças no plano de carreira dos servidores. Segundo eles, as medidas representam um retrocesso e a perda de direitos.
O povo de Porto Alegre está sendo atacado, inclusive os próprios vereadores. Fui atingido ao tentar mediar e garantir que trabalhadores pudessem acompanhar a sessão. É um absurdo! pic.twitter.com/KxaH5l7e1N
— Giovani Culau (@giovaniculau) October 15, 2025
Nas redes sociais, o prefeito de Porto Alegre, Sebastião Melo (MDB), anunciou que um inquérito será aberto para apurar a ação dos seguranças e guardas municipais. “Determinamos à Secretaria Municipal de Segurança (SMSEG) a abertura de Inquérito Preliminar Sumário (IPS) para apurar os fatos envolvendo a Guarda Civil Metropolitana e manifestantes, durante protestos ocorridos na Câmara de Vereadores nesta quarta-feira. O procedimento deverá averiguar todos os elementos que contribuíram para o ocorrido, incluindo as imagens de câmeras corporais dos agentes de segurança”, escreveu.
O Terra entrou em contato com a Câmara Municipal de Porto Alegre e com a Prefeitura, mas não houve retorno até a publicação desta reportagem.