Rachas e dissidências: eleição para presidente do PT é marcada por embates

Eleição para presidente nacional do partido ocorre em 6 de julho

2 mai 2025 - 04h59
Resumo
A eleição para a presidência do PT em 2025 é marcada por divisões internas, cinco possíveis candidaturas e disputas envolvendo a corrente majoritária CNB, com conflitos sobre controle do partido e alinhamento com o governo.
Foto: PR/Ricardo Stuckert

O Partido dos Trabalhadores (PT) já tem três nomes com candidaturas registradas para disputar a presidência nacional do partido: Valter Pomar, Romênio Pereira e o deputado federal Rui Falcão. Ao Terra, o partido confirmou que há também como candidatos os nomes de Edinho Silva e Washington Quaquá, no entanto, os dois ainda não registraram a candidatura, portanto, não estão oficialmente disputando a eleição

O último a formalizar a candidatura foi o deputado Falcão, na última sexta-feira, 25, após ter oficializado a sua campanha em meados de abril, durante um evento no centro de São Paulo, onde conseguiu apoio de dirigentes do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST). 

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O deputado Rui Falcão prega novos rumos para o PT.
Foto: Gabriela Biló/Estadão / Estadão

Apesar dos cinco nomes, esse número ainda pode aumentar, já que o prazo de inscrições foi prorrogado para 19 de maio, com 1º turno marcado para ocorrer em 6 de julho e o segundo, em 20 de julho. 

O Processo de Eleição Direta (PED) deste ano é marcado por um racha deflagrado pela corrente Construindo um Novo Brasil (CNB), majoritária no PT, pois uma ala desse grupo --a mesma do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do ex-ministro José Dirceu-- não aceita a candidatura do ex-prefeito de Araraquara (SP) Edinho, nome indicado pelo mandatário para presidir o partido. Portanto, não há consenso sobre quem irá representar a CNB.

Edinho Silva, prefeito de Araraquara 31/03/2015 REUTERS/Ueslei Marcelino
Foto: Reuters

A corrente está em uma disputa pelo controle de algumas das secretarias internas do partido, como as de finanças e de comunicação, e até envolve denúncias de abuso do poder econômico, uma prática condenada pela sigla. Conforme o Poder 360, Edinho Silva quer indicar nomes para essas áreas caso seja eleito, enquanto a dissidência da corrente, que é ligada a ex-presidente do partido e atual ministra-chefe da Secretaria de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, prevê manter o controle sobre as pastas. 

Após anunciar oficialmente sua candidatura, Falcão afirmou que “não é contra Edinho e nem contra Lula” e um exemplo disso seria estar empenhado na reeleição do presidente da República em 2026. “Mas queremos uma reconexão com a nossa base social. O PT não pode ser um partido só de parlamentares, tendências e chefes do Executivo”, disse o deputado.

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Romênio Pereira já parabenizou vitórias eleitorais de Maduro e Ortega.
Foto: Monica Zarattini/Estadão - 03/09/2005 / Estadão

Todo o debate gira em torno da relação do partido com o governo, pois Edinho estaria fazendo sinalizações abertas à coalizão do governo, inclusive, relacionadas a partidos de centro-direita. Enquanto isso, os demais adversários apontam a necessidade do PT ter protagonismo e ser mais independente.  

Enquanto um novo presidente não é eleito, o comando do partido está, interinamente, com o senador Humberto Costa (PE), alinhado à dissidência da CNB que é contra a disputa de Edinho. Ele assumiu após Gleisi Hoffmann, que esteve à frente do PT entre julho de 2017 e março de 2025, ir para o Ministério de Relações Internacionais. 

Valter Pomar em encontro com o presidente Lula
Foto: Reprodução via Instagram / Estadão

Quem são os candidatos oficiais:

  • Valter Pomar: dirigente da corrente Articulação de Esquerda, alinhada à ala mais à esquerda do partido e diretor da Fundação Perseu Abramo. Ele é militante do PT; 
  • Rui Falcão: ex-presidente do PT, entre 2011 a 2017, e deputado federal. O candidato tem apoio do MST e da corrente Democracia Socialista; 
  • Romênio Pereira: atual secretário de Relações Internacionais do PT, da corrente Movimento PT, e dirigente do partido. Ele possui apoio de dirigentes locais, como na região Norte.

Candidatos que ainda não tiveram candidatura oficializada:

  • Edinho Silva: ex-ministro-chefe da Secretaria de Comunicação Social do governo Dilma Rousseff e ex-prefeito de Araraquara (SP). Ele está pela corrente CNB, que conta com apoio de Lula;
  • Washington Quaquá: ex-deputado federal e prefeito de Maricá (RJ). Já foi vice-presidente do PT, e entra na disputa na corrente CNB. 
O deputado Washington Quaquá (PT - RJ).
Foto: Zé Ribeiro/Agência Câmara / Estadão

Como funciona o processo eleitoral para presidente do partido

  • Quem pode se candidatar?

Todos os filiados ao PT podem se candidatar ao PED, desde que tenham suas filiações registradas no sistema até o dia 28 de fevereiro de 2025. Para a eleição, serão escolhidos presidentes representantes do nacional, além do estadual e municipal. 

  • O que ocorre durante a campanha?

São realizadas discussões políticas internas, com debate nos municípios, estados e também nacionalmente, com a presença dos candidatos e de representantes das chapas concorrentes.

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  • Quem pode votar?

Todos os afiliados que também tenham as filiações registradas até o último dia de fevereiro. 

  • Que dia ocorrerá a votação

O primeiro turno está marcado para o dia 6 de julho de 2025, das 9h às 17h, de acordo com o horário de cada região do país. O voto é secreto. Já o segundo turno ocorre em 20 de julho.

  • Qual a duração dos mandatos?

O mandato dos membros efetivos e suplentes das direções partidárias, dos Conselhos Fiscais e das Comissões de Ética será de 4 anos. As direções deverão ter paridade de gênero, ou seja, devem ser compostas por 50% de mulheres e 50% de homens.

(*Com informações do Estadão)

Fonte: Redação Terra
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