SÃO PAULO E BRASÍLIA - Advogado de Filipe Martins há apenas uma semana, Jeffrey Chiquini não tem o nome circulando pelo noticiário apenas por integrar a defesa do ex-assessor internacional do governo de Jair Bolsonaro (PL) na ação penal do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a trama golpista.
O advogado também defende Rodrigo Bezerra Azevedo, militar do Exército apontado pelas investigações como "kid preto" que teria dado apoio ao plano de assassinatos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), do vice Geraldo Alckmin (PSB) e do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo.
Foi com essa atuação e uma série de publicações nas redes sociais que Chiquini virou uma espécie de celebridade digital. Em 2022, ele tinha pouco de 12 mil seguidores; neste ano, tem 565 mil - um aumento de 4.500%, segundo levantamento da consultoria Bites.
Maior parte desses seguidores chegou neste ano, após cortes da defesa de Chiquini no STF viralizarem em plataformas como Instagram, YouTube e X (ex-Twitter).
Na tarde desta segunda-feira, 14, Moraes teve uma série de atritos com Chiquini durante audiência com testemunhas na ação penal da trama golpista. O magistrado chegou a dizer para Chiquini se calar. "Doutor, enquanto eu falo, o senhor fica quieto", afirmou Moraes.
Tirando os réus por golpe de Estado, Chiquini também já teve na sua lista de clientes envolvidos em apostas ilegais, como o jogador Alef Manga, e com porte ilegal de arma de fogo, caso do vencedor da sétima edição do Big Brother Brasil (BBB), Diego Alemão.
Atleta do Coritiba, Manga confessou em agosto de 2023 ao Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) envolvimento no esquema de manipulação de resultados no futebol brasileiro. Chiquini deixou o caso em maio.
O advogado e o vereador de Curitiba, Guilherme Kilter (Novo-PR) solicitaram ao Tribunal de Contas da União (TCU) e à Controladoria-Geral da União (CGU) explicações sobre os gastos da primeira-dama Rosângela Lula da Silva, a Janja, em viagens internacionais.
A partir do pedido, a Justiça Federal abriu prazo de 20 dias para a União se manifestar sobre os gastos de Janja. A Advocacia-Geral da União (AGU) pediu o arquivamento da ação popular, alegando que os autores não demonstraram interesse jurídico legítimo para mover o processo, e que a petição inicial é genérica e mal formulada, o que impossibilitaria dar continuidade ao processo.
Pela atuação, o advogado é um dos nomes cogitados para concorrer ao Senado em 2026 pelo Paraná, mas ainda não teve seu nome testado pelos principais institutos de pesquisa.
Hoje, ele é filiado ao Novo, e aparece em vídeos ao lado ex-deputado federal Deltan Dallagnol.
"Tenho um carinho muito grande com as pautas do Novo e me identificam muito com as pessoas do Novo: você (Deltan), Gui Kilter, deputado federal Marcel (van Hattem)", afirmou Chiquini conversa com Deltan publicada nas redes.
Publicamente, ele não diz se será candidato. Pessoas do Novo no Paraná que falaram sob condição de reserva à reportagem diz que as chances dele pleitear algo em 2026 são grandes.
Neste momento, o desenho esperado é que Deltan seja candidato ao Senado, com Chiquini e Kilter como puxadores de votos no pleito para a Câmara dos Deputados no próximo ano.
Filipe Martins é acusado de envolvimento na elaboração da minuta golpista que teria sido apresentada pelo ex-presidente aos comandantes das Forças Armadas.
Segundo a Procuradoria-Geral da República (PGR), o ex-assessor "apresentou e sustentou o projeto de decreto que implementaria medidas excepcionais". A versão foi reafirmada pelo tenente-coronel Mauro Cid, delator do caso, durante audiência das testemunhas.