O que disse o ex-governador do Paraná Roberto Requião antes de deixar o PT

31 mar 2024 - 10h06

O ex-governador do Paraná Roberto Requião publicou um vídeo na última terça-feira, 26, em rede social antes de se desfiliar do Partido dos Trabalhadores (PT). Com críticas ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Requião listou os motivos de insatisfação que o fizeram sair da legenda. Entre eles, o possível apoio da sigla à candidatura de Luciano Ducci (PSB) na disputa pela prefeitura de Curitiba, a aliança com o governador do Paraná, Ratinho Júnior (PSD), o retorno de pedágios no Paraná e o apoio da gestão petista a privatizações de companhias paranaenses.

No vídeo publicado no X (antigo Twitter), Requião, que se filiou ao PT em 2022 para concorrer ao governo do Estado, se mostrou decepcionado com as decisões tomadas pelo partido em relação às eleições de 2024 e afirmou que a perspectiva que o fez entrar na sigla "está desaparecendo". O ex-governador afirmou que "no Paraná, o partido quer lançar o 'cabra' da direita", em referência a Ducci, e acrescentou que a escolha do candidato pela Executiva Nacional anulou "a possibilidade da eleição direta" e, por isso, o partido estadual está sendo "destruído".

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Ao Estadão, o ex-governador disse que se sentiu abandonado pelo PT e criticou o que chamou de "aliança com a direita", mencionando o governador Ratinho Júnior. "Não tem mais partido. Tem agora um grupo no PT que manda de cima para baixo", disse.

Se propondo a listar os "acertos e erros" da Coligação Brasil da Esperança, formada para se contrapor ao bolsonarismo no pleito de 2022, o ex-governador disse que acreditava nas transformações que Lula poderia proporcionar ao País e que seu desejo era "derrubar o liberalismo econômico", mas que, agora, a "tal frente da esperança" traz "mais desesperança a cada dia".

Citando o dever de cumprir com as promessas feitas durante as campanhas eleitorais, o ex-governador mencionou o retorno dos pedágios no Paraná que, segundo ele, "é um exemplo de exploração do povo". "Um exemplo de privatização desnecessária com preços absurdos para enriquecer acionistas", disse no vídeo. Requião ainda criticou um "comercial de televisão gravado por ele (Lula) e pelo Rato (Ratinho Júnior) anunciando o pedágio criminoso", que contraria, segundo ele, promessa de campanha de Lula.

Em relação à privatização de companhias paranaenses como a Copel, de energia, e a Sanepar, responsável pelo saneamento, Requião disse que as empresas, que eram "uma maravilha, lucrativas e eficientes", estão sendo transformadas em um "extrator de dinheiro da população".

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Requião ainda citou a concessão do Porto de Paranaguá que, segundo ele, durante seu governo dava "oportunidades para o comércio e a industriazalição", impulsionando a economia do Paraná, mas "está sendo vendido". "Você não vê um protesto nem do PT nem de personalidades do governo federal. Então, minha gente, está ficando difícil entender o que está acontecendo ", afirmou Requião.

Apesar das insatisfações, o ex-governador afirmou não se arrepender do apoio a Lula nas eleições de 2022 e afirmou que a vitória do presidente "foi importantíssima para o Brasil, para escaparmos daquela onda liberal".

No entanto, ele reforça que não pode "admitir mais que, de repente, companheiros do meu partido, do PT, digam 'nós melhoramos no governo do Lula o pedágio', pois não melhoraram nada". Na avaliação dele, a "falha no compromisso assumido com a população" se deu "em nome de um pragmatismo político para conseguir o apoio de 'picaretas' no Congresso Nacional".

Requião ainda disse que o período eleitoral, que reuniu esforços para a eleição de Lula, "foi uma fase" e que agora é necessário "repensar a nossa participação na política".

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